Açoriano Oriental
Açores com 70% da população vacinada
“A vacinação traduziu-se na menor gravidade da doença”

Gracinda Brasil, diretora do Serviço de Urgência do Hospital do Divino Espírito Santo, apela à população que adira à vacinação contra a Covid-19, salientando os seus benefícios. Médica partilha o que aprendeu com a pandemia

“A vacinação traduziu-se na menor gravidade da doença”

Autor: Paula Gouveia

“Sem o esforço de todos, não se teria conseguido ultrapassar as adversidades”, afirma a diretora do Serviço de Urgência do Hospital do Divino Espírito Santo.

Gracinda Brasil testemunha que, com o diagnóstico dos primeiros casos de Covid-19 em março de 2020, tal “como toda a comunidade médica, senti que nos confrontávamos com uma pandemia cujos contornos não conhecíamos”.  Por essa razão, os profissionais estavam “apreensivos, mas certos de que era imperioso encontrar soluções para que se pudesse salvaguardar a saúde de toda a população”.

“Era imperativo prevenir, proteger e salvaguardar a vida humana”. E, foi “imbuídos desse espírito que, na linha da frente, estiveram desde a primeira hora, todos os que trabalhavam no HDES, e em particular as equipas do Serviço de Urgência, realçando-se o papel fulcral dos internistas, intensivistas, pediatras e anestesistas, sem nunca esquecer o papel dos enfermeiros, assistentes operacionais, assistentes técnicos, técnicos de diagnóstico e terapêutica, bem como de todos os outros serviços que suportam o bom funcionamento da estrutura hospitalar”.

A atual diretora do Serviço de Urgência desenvolve, desde 2016, a sua atividade assistencial na Unidade de Cuidados Intermédios Polivalente do Serviço de Medicina Intensiva do HDES, onde houve necessidade de realocar recursos técnicos e humanos a nova Unidade, por forma a garantir a resposta ao Doente Crítico Covid e Não Covid. E, como salienta a médica, “mais uma vez se comprovou que, com equipas multidisciplinares, coesas, técnica e humanamente bem formadas, se conseguem superar muitas das adversidades com que nos deparamos no exercício da nossa profissão. Mas não nos podemos esquecer que esta foi uma situação excecional, que implicou medidas excecionais.”

Sobre como a necessidade de responder às exigências profissionais da pandemia afetou a sua vida pessoal, Gracinda Brasil confessa que “implicou, obviamente, maior número de horas de trabalho e redução dos contactos sociais”. Mas, salienta, “sem dúvida que o maior constrangimento pessoal que a pandemia acarretou foi a impossibilidade de contactar os meus familiares, residentes noutra ilha e no continente. Isso custou-me, particularmente”.

Para a médica, “é inegável que foram os mais velhos, os mais frágeis, aqueles que mais sofreram com a Covid-19”. “A solidão e o isolamento, mesmo para quem está habituado à realidade insular, tem impacto negativo, significativo, na população idosa. Aumentam por si só o risco de declínio funcional e cognitivo; consequentemente regista-se um decréscimo na sua qualidade de vida”.

Gracinda Brasil sublinha que “foi extraordinária toda a evolução técnica e científica ocorrida no último ano. Veja-se o tempo recorde em que se conseguiram obter as vacinas. Todavia a comunidade científica continua a fazer progressos e a nossa aprendizagem é contínua”.

Uma aprendizagem que, de acordo com a médica, no seu caso permitiu-lhe concluir que “será fundamental promover ativamente o conceito de Equidade em Saúde. Temos que ser justos na distribuição e alocação dos recursos, para que todos recebam os cuidados adequados à sua condição”, sendo certo que “a maior aprendizagem foi a de que é essencial gerar Empatia, colocarmo-nos no lugar do outro, respeitar o outro. Não sobrevivemos sozinhos”.

Gracinda Brasil alerta que “é fundamental que a população adira à vacinação”. Para a médica, “é inaceitável que haja quem se recuse a vacinar-se. Cabe a cada um de nós zelar pela saúde do outro. É nosso dever como cidadãos”, sublinha. A médica lembra  aos mais céticos que, sem a vacinação infantil no século XX, “muitos de nós, hoje, não estaríamos aqui ou teríamos sequelas graves de algumas doenças infecciosas, como sejam a Poliomielite, a Rubéola ou o Sarampo”.

E, no caso da vacina contra a Covid-19, “a vacinação traduziu-se na menor gravidade da expressão da doença. Daí haver redução na morbimortalidade”, adianta a diretora do Serviço de Urgência do HDES.

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