Açoriano Oriental
Workshops de cozinha Pré-histórica demonstram influência da dieta alimentar na evolução do Homem
Entender a história que está por detrás dos hábitos gastronómicos e que papel teve a dieta alimentar na evolução do ser humano foi o objetivo de duas sessões públicas de trabalho sobre “Cozinha pré-histórica”, realizadas em Mação.

Autor: Lusa / AO online

Organizado pelo Museu de Arte Pré-Histórica e do Sagrado do Vale do Tejo e dinamizado pelos alunos que em Mação desenvolvem as suas teses de mestrado e doutoramento, os workshops realizados visaram demonstrar como as alterações nas dietas alimentares desde há milhões de anos são responsáveis por profundas mudanças anatómicas que nos transformaram naquilo que somos hoje.

“Procuramos os gestos e as posturas pré-históricas numa área pouco estudada, como seja a evolução dos hábitos alimentares e os resultados dessa influência na estrutura anatómica do homem”, disse à agência Lusa o arqueólogo Pedro Cura.

Segundo acrescentou, as investigações realizadas resultaram na demonstração prática através dos dois workshops que fazem a história da alimentação desde o australopiteco, com a ingestão de insetos, raízes e frutos, até à descoberta do fogo e a introdução na dieta alimentar da caça e da carne cozinhada.

As actividades práticas realizadas ao longo de dois fins de semana centraram-se nos caçadores recoletores e na reprodução de técnicas de cozinha relacionadas com comunidades agro pastoris, que introduziram na dieta alimentar as plantas e animais entretanto domesticados e cozinhavam os seus alimentos em recipientes de cerâmica.

Em duas fogueiras diferentes, reconstruídas através da comparação com estruturas identificadas em sítios arqueológicos e com demonstrações de como se fazia fogo na Pré-História, foram cozinhados moluscos, carne e peixe, tendo sido dada uma importância particular à questão do controlo do fogo e de como este está relacionado com as alterações profundas na nossa forma de viver em comunidade, como o comportamento gregário de preparação e o de partilha da comida.

“O ato de cozinhar tem recebido menos estudos e no entanto essa é uma das principais características que nos distingue dos outros animais, em particular dos restantes primatas”, observou, acrescentando que, para alcançar resultados, os arqueólogos necessitam de recorrer à etnografia e antropologia, mas sobretudo à arqueologia experimental.

“Essa componente de investigação é sistematicamente aplicada no âmbito dos projetos de investigação desenvolvidos pelo Museu de Arte Pré-Histórica e seus parceiros e daí que entendêssemos ser altura de partilhar com o publico algumas das nossas actividades de pesquisa”, concluiu.

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