Autor: AO Online/ Lusa
“Agora veem que eu tinha razão quando disse que um dos pontos de acordo com o PSD era a reforma da justiça e a reforma do Conselho Superior de Magistratura”, disse André Ventura, após visita ao comando distrital da PSP em Viseu, referindo-se ao entendimento de incidência parlamentar com os sociais-democratas que viabilizou o novo executivo regional dos Açores, em outubro de 2020.
Questionado sobre se têm existido contactos, nos últimos tempos, entre a sua força política da extrema-direita parlamentar e o maior partido da oposição (PSD), o deputado único do Chega limitou-se a dizer: “não vou confirmar isso, obrigado”.
“Estava em cima da mesa. É o PSD a cumprir a sua palavra. Se for assim e o dr. Rui Rio continuar assim, estamos no bom caminho”, acrescentou, defendendo a sua tese de que existe um acordo com os sociais-democratas para a redução do número de deputados, por exemplo, algo que, na altura, foi prontamente negado pelos responsáveis do PSD.
O partido liderado por Rui Rio vai lançar até maio um processo de debate, interno e externo, para preparar uma série de reformas no sistema político, na justiça e para uma revisão constitucional, disse hoje o próprio à Lusa.
Na quinta-feira, a comissão política nacional do PSD aprovou a criação de quatro comissões que vão preparar as propostas de reformas nestas áreas.
O grupo da revisão constitucional terá de apresentar o seu trabalho até 31 de maio e vai ser coordenado pelo constitucionalista Paulo Mota Pinto, mas incluirá dois independentes, Catarina Santos Botelho e Tiago Duarte, o ex-ministro Luís Marques Guedes, Manuel Teixeira e Paula Cardoso.
Já o grupo da reforma do sistema político tem como coordenador David Justino, vice-presidente do partido e antigo titular da pasta da Educação, e inclui outro "vice" do PSD, André Coelho Lima, e mais um ex-ministro, Miguel Poiares Maduro.
A coordenar a reforma da Justiça estará Manuel Teixeira, vice-presidente do partido que já tem essa função no Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD, que integra Isabel Meireles, Licínio Lopes Martins, Mónica Quintela e Montalvão Machado.
André Ventura fez ainda questão de apontar o dedo ao atual Presidente da República e recandidato, que é apoiado oficialmente por PSD e CDS-PP.
“Eu sei que há um Presidente que prefere não fazer campanha. Acho que isto foi consensual entre todos os candidatos: é um grande desrespeito pela democracia”, criticou.
Segundo o líder do Chega, “Marcelo Rebelo de Sousa pensa que isto está ganho”.
“Por isso é que não faz tempos de antena, não faz ações de campanha nem aparece em lado nenhum. Talvez dia 24 [de janeiro] tenha uma surpresa”, disse.
As eleições presidenciais realizam-se em plena epidemia de covid-19 em Portugal em 24 de janeiro, a 10.ª vez que os cidadãos portugueses escolhem o chefe de Estado em democracia, desde 1976. A campanha eleitoral começou no dia 10 e termina em 22 de janeiro.
Há sete candidatos: o incumbente Marcelo Rebelo de Sousa (apoiado oficialmente por PSD e CDS-PP), a diplomata e ex-eurodeputada do PS Ana Gomes (PAN e Livre), o deputado único do Chega, André Ventura, o eurodeputado e dirigente comunista, João Ferreira (PCP e “Os Verdes”), a eurodeputada e dirigente do BE, Marisa Matias, o fundador da Iniciativa Liberal Tiago Mayan e o calceteiro e ex-autarca socialista Vitorino Silva (“Tino de Rans”, presidente do RIR - Reagir, Incluir, Reciclar).