Açoriano Oriental
Explosão em prédio de habitação
Uma história de felizes coincidências em Setúbal
A explosão num prédio de Setúbal na passada quinta-feira destruiu os andares superiores do imóvel e causou danos avultados noutros edifícios e em dezenas de automóveis, mas, ao contrário do que poderíamos imaginar, não provocou vítimas mortais.
Uma história de felizes coincidências em Setúbal

Autor: Gualter Ribeiro - Lusa / AO online
Quem ouviu ou testemunhou a violenta explosão que destruiu parte dos três últimos andares de uma torre de habitação, com 48 fogos, pensou num cenário de tragédia, até porque algumas lajes e paredes foram projectadas com violência contra os prédios vizinhos.

Dezenas de automóveis que se encontravam estacionados em redor do prédio onde ocorreu a explosão também ficaram total ou parcialmente destruídos, mas nenhum morador ou automobilista foi atingido mortalmente.

“Só oiço dizer que foi um verdadeiro milagre”, contou à Lusa Maria Antónia, proprietária do café Malmequer, que também ficou parcialmente destruído com a explosão no prédio vizinho.

“Foi a mão de Deus que me puxou para o meio da sala, porque uns segundos antes eu estava junto à janela, que ficou com os vidros estilhaçados”, corroborou Odete Vieira, dona do salão de cabeleireira a que deu o nome.

São muitas as histórias de felizes coincidências que se ouvem contar um pouco por toda a cidade de Setúbal e que terão evitado uma tragédia maior face à violência da explosão que ocorreu no numero 13 da Praceta Afonso Paiva, no bairro do Montebelo, em Setúbal.

O filho de Nuno Villar costuma jogar à bola com outros miúdos nas imediações do prédio onde ocorreu a explosão, mas, na passada quinta-feira não estava lá nenhuma criança.

“Às vezes chamo-lhe preguiçoso por não querer ir jogar à bola com os amigos, mas agora dou graças a Deus por não ter ido na passada quinta-feira”, disse à Lusa Nuno Villar, confessando que ainda mal consegue acreditar naquilo que aconteceu.

A casa de Ana Cristina Baptista, como muitas outras, foi atingida pela explosão do prédio vizinho, que destruiu a secretária do computador no quarto do filho. Mas nesse dia o rapaz estava na sala com o portátil do pai.

Se é verdade que já não há muita gente a acreditar em milagres, muito menos em milagres colectivos, não é menos verdade que é de um verdadeiro milagre que se fala na cidade em Setúbal.

Um milagre que terá começado pela hora (18:35) a que ocorreu a explosão no número 13 da Praceta Afonso Paiva, dado que muitas famílias ainda não tinham regressado a casa. Tivesse a explosão ocorrido uma ou duas horas depois e poderia ter havido perda de vidas humanas.

A prestação de socorro às vítimas - quarenta feridos ligeiros - também foi extremamente rápida, até porque o quartel dos Bombeiros Sapadores de Setúbal fica situado a escassas centenas de metros do prédio e o INEM e a PSP também chegaram rapidamente ao local.

A Governadora Civil de Setúbal, Eurídice Pereira, apressou-se a accionar o Plano Distrital de Emergência e dezenas de médicos e enfermeiros dirigiram-se voluntariamente para o hospital São Bernardo mal souberam da violência da explosão.

A Câmara Municipal de Setúbal, para além do apoio prestado através da Companhia de Sapadores Bombeiros e da disponibilização do respectivo quartel, mobilizou para o local diversos técnicos de engenharia civil, juristas, que ajudaram os moradores a accionar os seguros, e dezenas de funcionários que procederam às operações de limpeza, com o apoio de máquinas, retroescavadoras e viaturas pesadas.

A Segurança Social também respondeu rapidamente, assegurando dormidas nos hotéis e residenciais para mais de 160 pessoas, e um conjunto de bens essenciais - incluindo fraldas e chupetas para os bebés - para quem perdeu tudo de um momento para o outro.

O governo, através do Ministério da Administração Interna (MAI), também reagiu de imediato, solicitando ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil que procedesse ao diagnóstico da situação e assumindo a responsabilidade pelo pagamento dos trabalhos de estabilização e consolidação da estrutura do edifício.

O MAI garantiu também a celeridade de todo o processo ao permitir a adjudicação directa das obras à empresa BEL - Engenharia de Reabilitação de Estruturas S.A., do Grupo Teixeira Duarte.

Apesar dos muitos problemas com que se deparam, os moradores do prédio reconhecem o esforço, a prontidão e a eficiência das autoridades locais e do governo. Dizem mesmo que se trata de “um exemplo a seguir” em todo o País.

Perante tudo isto, alguém se atreve a dizer que não houve um milagre em Setúbal?
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