Autor: Lusa
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse nas redes sociais que a Rússia não se estava a preparar para “acabar com a guerra”, mas para novas ofensivas na Ucrânia.
Os presidentes russo, Vladimir Putin, e norte-americano, Donald Trump, vão reunir-se na sexta-feira, no Alasca, para discutir a guerra na Ucrânia, em princípio sem a participação de Zelensky.
O Estado-Maior do exército ucraniano declarou hoje que estavam a decorrer combates em Kutcheriv Iar, uma pequena localidade que até há algumas semanas estava a vários quilómetros da linha da frente.
Reconheceu, assim, o avanço das tropas russas na zona, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
Este avanço teve lugar a nordeste de Pokrovsk, uma cidade mineira e epicentro dos combates, na região oriental de Donetsk, cuja anexação é reivindicada por Moscovo.
Num só dia, a Rússia avançou cerca de 10 quilómetros para norte, ao longo de uma estrada, segundo o ‘site’ de análise militar DeepState, próximo do exército ucraniano, um ritmo muito mais rápido do que o habitual.
Um mapa da frente, publicado pelo DeepState, mostra um estreito corredor agora sob controlo russo, que ameaça a cidade de Dobropillia.
A cidade situa-se a 94 quilómetros a noroeste de Donetsk, ocupada pela Rússia, e a cerca de 22 quilómetros a norte da cidade de Pokrovsk, segundo o jornal The Kiyv Independent.
O grupo operacional tático de Donetsk, que está a combater na zona, afirmou hoje nas redes sociais que estava “empenhado numa exaustiva luta defensiva” contra forças russas “muito superiores”.
Segundo o grupo, a situação, descrita como “complexa, desagradável e dinâmica”, deve-se à infiltração de tropas russas entre as linhas defensivas ucranianas.
A análise foi partilhada pelo Instituto Americano para o Estudo da Guerra (ISW), que considerou, no entanto, ser prematuro descrever os avanços russos como um “avanço operacional” e que os próximos dias serão “provavelmente cruciais”.
O bloguista militar ucraniano Sternenko escreveu que o avanço russo tinha permitido às tropas de Moscovo apoderarem-se de partes de uma estrada que liga as principais cidades da região.
O jornal digital russo Gazeta.ru, citando fontes ucranianas, disse hoje tratar-se da estrada que conduz à cidade de Kramatorsk, o principal reduto do exército ucraniano na região de Donetsk, segundo a agência de notícias espanhola EFE.
O ISW comparou a penetração tática à que permitiu um grande avanço russo em abril de 2024, após a tomada da cidade de Avdiivka, à custa de uma longa e sangrenta batalha.
A polícia ucraniana anunciou que três pessoas morreram e 13 ficaram feridas hoje em ataques russos com bombas e foguetes na mesma região.
A Ucrânia teme que o encontro entre Trump e Putin na sexta-feira possa resultar num acordo que a obrigue a ceder partes do seu território à Rússia.
A região de Donetsk é uma das quatro que Putin integrou no território da Federação Russa desde que ordenou a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, juntamente com Lugansk, Zaporijia e Kherson.
A Rússia já tinha anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.
A Ucrânia e a generalidade da comunidade internacional não reconhecem a soberania russa nas cinco regiões anexadas, e Zelensky tem repetido que Kiev não cederá qualquer parte do território ucraniano a Moscovo.