Autor: Carolina Moreira
A Universidade dos Açores (UAc), em colaboração com a Kairós e a Câmara Municipal da Lagoa, instalou no passado mês de agosto dois eco contadores de passagem de pessoas no trilho da Água/Janela do Inferno, com o objetivo de obter dados e monitorizar o número de visitantes diário e, desta forma, perceber a capacidade do trilho e o impacto das visitas na natureza.
A iniciativa insere-se num projeto-piloto que pretende transformar este percurso numa solução educativa, terapêutica, inclusiva e empreendedora baseada na natureza, no âmbito projeto europeu de investigação/ação chamado “Trans-Lighthouses”.
De acordo com o investigador responsável pelo projeto na UAc, Eduardo Marques, os eco contadores adquiridos à empresa Upnorth Group foram instalados a 13 de agosto no Pico da Cova e no Túnel da Grota, sendo ativados dois dias depois. Em menos de duas semanas de recolha de dados, foram já registados mais de três mil visitantes, numa média diária de 280 pessoas, havendo no entanto registo de 599 visitas em apenas um dia.
“No dia 20 de agosto, estiveram no trilho 599 pessoas e desde o dia 15, data em que os contadores foram ativados, já visitaram o trilho 3.081 mil pessoas, apresentando uma média diária de 280 pessoas”, revela em comunicado enviado ao Açoriano Oriental.
Segundo a informação divulgada ao jornal, os dois eco contadores também vão permitir “que se providencie segurança e bem-estar dos utilizadores e da natureza”, além de “informação sobre o uso horário diferenciado do trilho”, ou seja, os contadores irão permitir perceber “como se encontra o fluxo dia/hora de visitantes, de modo a se contribuir para a potenciação de uma experiência de visita em harmonia com a natureza”.
De acordo com os responsáveis pelo projeto, os dois eco contadores transmitem os dados “de forma ininterrupta e remota para uma plataforma gerida pela equipa científica da UAc”, que depois são inseridos na “plataforma de ciência cidadã https://trilhodomundo.org”.
Através dessa plataforma, os visitantes do trilho da Janela do Inferno
poderão “tomar decisões informadas em pleno respeito pela natureza e
gozando de condições mais adequadas para visitar o trilho em função das
suas expectativas e consciência ambiental”, adianta a nota de imprensa.
Para
atingir esse objetivo, segundo os responsáveis do projeto-piloto, o
passo seguinte será a instalação de “um dispositivo do tipo semáforos de
trânsito que informará os visitantes, em função de um número em
cálculo, do tipo de impacto direto que estão a provocar na
biodiversidade do recurso natural local”.
Este dispositivo será constituído por três níveis de alerta: verde a indicar que o trilho está “abaixo do limite”; amarelo a indicar que o percurso está “a cruzar o limite”; e ainda o vermelho que irá alertar para o facto de o trilho estar “para além do limite” da capacidade.
Neste momento, as
entidades parceiras envolvidas no projeto “Trans-Lighthouses”
encontram-se “em processo de desenvolvimento e análise
técnico-científica dos dados proporcionados pelos eco contadores”, com o
intuito de que a soluções baseadas na natureza implementada no trilho
da Janela do Inferno “possa ser acedida e usada pela generalidade da
população turística e residente, mas que também possa ser um
projeto-piloto inovador na RAA [Região Autónoma dos Açores]”, salientam
os responsáveis.