Açoriano Oriental
Torre do Tombo tem 100 quilómetros de documentos históricos disponíveis para consulta
A torre original tombou com o terramoto de 1755, mas o actual edifício da Torre do Tombo continua a guardar mais de dez séculos de história documental portuguesa, disponíveis para consulta.

Autor: Lusa / AO online

"O documento mais antigo data do século IX, ainda antes da fundação de Portugal, e retrata a construção de uma igreja em Lardosa, no concelho de Penafiel", contou à Lusa Maria Trindade, do serviço de educação da Torre do Tombo.

Este documento é bem conhecido dos portugueses e não só, porque está representado na coroa das moedas portuguesas de cinco cêntimos.

"O último documento a ser incorporado foi em Junho último, uma série de documentos doados pela família do Conselheiro da Revolução de Abril Melo Antunes", disse Maria Trindade.

É na Torre do Tombo que está a bula "Manifestis Probatum", que reconheceu a independência de Portugal em 1179 e Afonso Henriques como o seu rei e o tratado de Tordesilhas, que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha e hoje é considerado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) como Memória do Mundo.

Também é lá que estão mais de 36 mil processos da Inquisição, documentos da PIDE e o acordo de adesão de Portugal à CEE, entre outra documentação importante para o país.

Devido à necessidade de conservação, muitos deles estão já digitalizados e acessíveis através da Internet, enquanto outros estão em microfilme e podem ser consultados no local.

"É um universo imenso de documentos que se encontram, para já, em cerca de 100 quilómetros de prateleiras preenchidas", explicou Maria Trindade, realçando que a capacidade da Torre do Tombo é de 140 quilómetros.

O edifício de Arsénio Cordeiro, de 1990, ainda não tem lotação esgotada, mas já se adivinha a falta de espaço, porque "até à data Portugal tem mais de 700 quilómetros de documentação para incorporar: tudo o que é produzido pela administração central do Estado".

"O que se vai tentar é resolver o problema na fonte. Portanto, que cada instituição crie os seus artigos e de facto nos últimos anos temos assistido a uma importância cada vez maior do que é o arquivo", disse.

Toda esta herança está acessível para consulta a qualquer cidadão com mais de 18 anos, mas, antes de se dirigir ao Arquivo, o visitante deve consultar previamente os serviços da Torre do Tombo, porque há documentos com acesso restrito.

É o caso dos arquivos da PIDE: foram abertos ao público em 1994 e estão entre os mais consultados, mas como a história é recente e muitos dos protagonistas estão vivos, a sua consulta é regulamentada pela lei.

"O documento de arquivo suscita muita emoção, porque as pessoas sentem-se confrontadas com os documentos originais e eu partilho também dessa emoção e com a possibilidade que há aqui de aceder à sua identidade", realçou.

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