Autor: Lusa/AO Online
“Refletindo um ano e meio depois, foi um erro que foi tomado da minha parte. Com certeza que deveria ter ponderado melhor e aberto o inquérito, até nessa perspetiva da melhoria que o sistema necessita”, afirmou Rui Luís, em declarações aos jornalistas, em Angra do Heroísmo.
O governante
falava no dia em que foi entregue na Assembleia Legislativa da Região
Autónoma dos Açores o relatório do inquérito realizado este verão
pela Inspeção Regional da Saúde, acompanhado por um despacho do
presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, que ordena a
“definição formal dos mecanismos de articulação e colaboração”
entre as entidades que intervêm no processo de evacuações aéreas.
Em 02 de fevereiro de 2017, a Proteção Civil dos Açores recebeu
dois pedidos de evacuação de doentes de ilhas sem hospital, quase
em simultâneo: um de uma criança de 13 meses com uma depressão
respiratória num contexto de convulsão febril na ilha Graciosa e
outro de uma jovem de 20 anos com um traumatismo cranioencefálico em
São Jorge.
A coordenadora dos médicos reguladores (que tomam
decisões sobre as evacuações) enviou, na altura, uma carta ao
presidente da Proteção Civil, dizendo que foi inicialmente decidido
retirar os dois doentes na mesma deslocação de helicóptero, mas
que a presidente do conselho de administração do Hospital da Ilha
Terceira pressionou a médica para dar prioridade à doente de São
Jorge, que era sua familiar.
O secretário regional da Saúde optou, nessa altura, por não abrir um inquérito, mas em agosto deste ano, quando o caso foi relatado pelo jornal Diário dos Açores, o presidente do executivo açoriano decidiu abrir um inquérito “urgente”.
Rui Luís admitiu que a decisão não foi “bem ponderada”, mas disse que não avançou com o inquérito porque tinha informação de que “clinicamente tinham sido tomadas as melhores decisões e de que não houve qualquer consequência relativamente aos utentes”.
“Arquivámos o pedido de inquérito
passados três meses. A Proteção Civil fez um conjunto de reuniões
no sentido de melhorar todos esses relacionamentos. Achámos na
altura que, efetivamente, a situação estaria ultrapassada”,
salientou.
Se fosse hoje, o secretário regional da Saúde assume que tomaria uma decisão diferente: “Se me perguntar se numa situação semelhante abriria um inquérito, claro que sim, tal como já abri outros neste ano e meio”.
Rui Luís destacou ainda as diretivas do
despacho do presidente do Governo Regional, alegando que as
evacuações médicas são situações de “grande pressão” por
parte da família e dos próprios profissionais de saúde, pelo que é
necessário “criar mecanismos legais para definição do papel de
cada um”.
“Este relatório serviu para demonstrar que há um ano
e meio atrás houve situações que não funcionaram e que nós
estamos sempre a tempo de melhorar o funcionamento”, frisou.