Açoriano Oriental
Açoriana representa a Região no Brasil e no mundo

Marta Magalhães de 25 anos começou por ser federada em ténis pelo Clube de Ténis de São Miguel e hoje é a número 62 do Ranking Mundial de Ténis de Praia

Açoriana representa a Região no Brasil e no mundo

Autor: Mariana Lucas Furtado

Como foi o percurso no ténis e como chegaste ao ténis de praia?

Eu comecei a jogar ténis com quatro anos, no Clube de Ténis de São Miguel (CTSM), e aos 16  saí da ilha. Fui para uma Academia de Ténis nas Caldas da Rainha, porque na  altura não havia tantas meninas a jogar ténis em São Miguel e eu já tinha um bom nível e queria competir mais, então senti a necessidade de sair. Com 18 anos, mudei-me para os Estados Unidos e fiz lá a faculdade com uma bolsa de estudo completa. Fiz  a licenciatura e depois o mestrado em Ciências do Desporto e foi aí que começou a surgir o Beach Tennis para mim.

Quando terminei o mestrado já era treinadora de ténis, já tinha completado quatro anos como jogadora e aí decidi que queria começar um papel como treinadora. Só que entretanto fui num verão a São Miguel e penso que o Beach Tennis em Portugal até começou a surgir mais em São Miguel do que no resto do país. Na altura nunca tinha ouvido falar na modalidade sequer e quando soube que havia competição ainda me interessou mais.

O facto de a modalidade estar mais dinamizada aqui na ilha também impulsionou a tua mudança?

Sim, durante toda a minha vida sempre tinha jogado ténis, mas depois comecei a disputar os torneios de ténis de praia aí em São Miguel, que na altura já eram organizados pela Federação Portuguesa de Ténis. Penso que fui duas vezes campeã regional, uma em femininos e outra na categoria mista. Isso coincidiu com uma altura em que estavam a existir bastantes torneios internacionais, em Portugal.

Quando voltei dos Estados Unidos, na altura da pandemia, juntei-me a uma colega portuguesa que conhecia da faculdade e apresentei-lhe o Beach Tennis e foi engraçado porque nós fomos jogar e logo no nosso segundo torneio internacional  ganhámos um BT50, em Carcavelos. Acho que esse bom resultado ainda me motivou mais para continuar.

A ideia da mudança para o Brasil surgiu a partir dos torneios que ia disputando em Portugal. Conheci vários atletas brasileiros, fiz amizade com eles e sabia que o Beach Tennis já tomava uma certa dimensão no Brasil. Fui questionando se eles sabiam de alguma arena que estivesse à procura de um professor.

Como tinha terminado recentemente o mestrado estava meio sem saber o que fazer, se iria enveredar pela carreira de treinadora de ténis ou se o “bichinho” do ténis de praia que estava a chamar por mim ia ser mais forte. Eu não queria parar já com a competição e também já estava a ficar um pouco saturada do ténis, então foi o timming  perfeito.

A decisão de mudar para o Brasil foi fácil? Quais as principais diferenças e dificuldades na adaptação que sentiste?

Como eu saí de casa até bastante cedo não estava muito apreensiva com a questão da saudade. Sempre fui bastante destemida, nesse sentido de sair de casa para ir em busca daquilo que eu quero.

Considero que a adaptação até foi bem mais fácil do que nos Estados Unidos, porque para além de se falar português também é um povo muito acolhedor e leve. O ambiente do Beach Tennis também é bastante diferente do ténis e fui muito bem recebida. Realmente foi muito fácil a minha adaptação, apesar de ter chegado aqui sem conhecer ninguém e só tinha visitado a arena onde fui trabalhar, em Itu, no interior de São Paulo,  uma vez. Mais recentemente mudei-me para Vinhedo, que também é uma zona no interior de São Paulo.

É engraçado, porque aqui no Brasil onde se joga mais Beach Tennis não é tanto nas praias, é no interior, porque é onde o pessoal consegue recriar esse ambiente. A maior parte dos torneios que eu jogo nem são na praia, são em arenas.

Quais as próximas competições que tens previstas?

Tenho vários torneios pela frente, mas agora o próximo que vou disputar é um torneio internacional que é considerado um  Grand Slam do Beach Tennis, nas Canárias, de 17 a 19 de maio. Depois vou voltar ao Brasil para outro Grand Slam, em Brasília, e um BT400, que também é um torneio de grande dimensão, em Tucuruí.

Como é normalmente a tua rotina de treinos?

Eu treino às segundas, terças e quartas e à quinta-feira é quando eu viajo para os torneios. Costumo fazer um treino físico das 10h00 às 11h00 nos primeiros três dias da semana e depois, dependendo dos dias, temos uma hora mais teórica para estudar, ver vídeos de jogos anteriores e jogadoras do Top 10. Fazemos bastante trabalho de estatística assim. 

À tarde fazemos mais um treino de quadra, entre as 14h30 e as 16h00. Uma vez por semana também tenho um treino individual. A par disso, também dou aulas em três dias da semana, o que torna a rotina um pouco cansativa. Geralmente, no dia em que dou mais aulas chegam a seis horas de aula. Depois tenho os torneios normalmente ao fim de semana e à segunda-feira volto à rotina.

A nível de objetivos de carreira, como esperas que sejam os próximos anos?

Eu gostava de chegar a um ponto em que conseguisse viver mais profissionalmente do Beach Tennis, ou seja, em não precisasse de dar tanta aula, porque assim não consigo treinar tanto. Mas como o Beach Tennis não é assim tão reconhecido fora do Brasil, só quem está no Top 15 a nível mundial consegue viver profissionalmente disto. Um dos meus objetivos seria chegar ao Top 15, representar a seleção portuguesa nos Campeonato Europeu e Mundial, e ser  campeã nacional também, já que no ano passado fui vice-campeã.
Uma coisa que me entristece um pouco é o facto de hoje em dia conseguir ter apoios para jogar, mas não da Direção Regional do Desporto ou alguma entidade da minha ilha. Eu era federada pelo CTSM só que não tinha qualquer apoio. Aqui tenho mais apoios de patrocinadores do Brasil do que de qualquer entidade em São Miguel.

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