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Satélites com tecnologia portuguesa estão já em órbita
Dois satélites com tecnologia portuguesa lançados na noite de domingo de uma base russa separaram-se com êxito do foguete propulsor e estão já em órbita à volta da Terra, segundo a Agência Espacial Europeia (ESA).
Satélites com tecnologia portuguesa estão já em órbita

Autor: Lusa/AO Online

O posicionamento em órbita do SMOS, que irá ajudar a compreender melhor as alterações climáticas, e do Proba-2, um mini-satélite destinado a testar novas tecnologias, foi hoje saudado pela ESA, que se regozija num comunicado por "este duplo êxito".

O SMOS (acrónimo em inglês para humidade do solo e salinidade dos oceanos) leva a bordo um processador de dados produzido pela Deimos Engenharia e o Proba-2 um magnetómetro desenvolvido pela Lusospace, duas empresas portuguesas que trabalham para a indústria aeroespacial.

"A hidratação dos solos e o sal dos oceanos são duas variáveis chave ligadas ao ciclo da água na Terra que têm impacto na meteorologia e no clima", explica a ESA, sublinhando que o SMOS permitirá fazer medições em todo o planeta.

O magnetómetro que vai no proba-2 é um instrumento de navegação que lembra uma bússola. Tem o tamanho de um cartão de crédito com cerca de 4 centímetros de altura e é capaz de determinar o norte e o sul através da emissão de sinais eléctricos cuja leitura permite conhecer o campo magnético a três dimensões.

Segundo Yann Kerr, responsável científico da missão SMOS no Centro de Estudos Espaciais da Bioesfera (CESBIO), "o aquecimento climático é um facto", mas as suas consequências no ciclo da água (precipitação, evaporação, infiltração nos solos, escoamento, armazenamento) "são incertas", daí haver necessidade de ter "dados melhores" para fazer modelos climáticos fiáveis.

"A disponibilidade em água contribui mais do que a própria temperatura para as alterações climáticas", sublinha.

É por isso que a estimativa do teor de água dos solos na "zona das raízes", até dois metros de profundidade, é essencial para melhorar as previsões meteorológicas e antecipar os riscos de inundações, secas ou vagas de calor.

O SMOS permitirá estabelecer mapas da hidratação dos solos com uma resolução média de 43 quilómetros, sendo que a partir da sua órbita polar a cerca de 758 quilómetros de altitude, o satélite varrerá a totalidade da superfície terrestre em três dias.

Irá medir as variações da taxa de salinidade nas águas superficiais oceânicas e o seu impacto na circulação global da água à superfície do planeta.

Os dados do SMOS serão explorados pelos cientistas e profissionais da meteorologia, mas também poderão servir para a agricultura, a pesca e a navegação.

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