Autor: Paulo Faustino
“A operação está a contribuir, com capital, para toda a atividade e isso é muito saudável”, vincou Luís Rodrigues, sem especificar números, depois de uma sessão explicativa, com perguntas e respostas, que durou cerca de uma hora e meia na delegação da Assembleia Regional, em Ponta Delgada.
Apesar do plano de reestruturação ainda não ter sido validado pela Comissão Europeia, o que se espera que aconteça até ao final do ano, e da SATA ter registado no primeiro semestre um prejuízo de 45 milhões de euros (superior a igual período de 2020) que a administração desvaloriza e atribui ainda aos efeitos da pandemia, a verdade é que o grupo tem vindo a recuperar desde o último verão. Uma situação a que não está alheia uma recuperação de tráfego que, diz Luís Rodrigues, “deve ser única no mundo”. “Estamos a voar neste trimestre de final de 2021 com o mesmo número de passageiros que levámos em 2019 quando comparado com o resto da Europa, que está a levar menos 40 por cento”, ressalvou, lembrando que “todas as companhias do mundo no primeiro semestre deram prejuízo”. “A pandemia acabou no primeiro semestre de 2021, não vale a pena fugir a essa questão. Milagre seria - e milagres não existem - se a companhia tivesse dado lucro”, acrescentou.
Luís Rodrigues faz notar que as perspetivas para o próximo ano são “extremamente positivas” para a SATA. Significa isto “continuar a crescer se não houver nenhum imponderável” relacionado, por exemplo, com a pandemia e combustíveis. Na realidade, “os resultados são promissores, assim consigamos continuar o trabalho que tem sido feito, que eu acho que está a correr muito bem”.
Apesar da SATA não depender de Bruxelas para continuar a executar o seu plano de reestruturação, há, para já, uma consequência resultante do atraso nessa aprovação: o pagamento de juros prolongado no tempo. “Quanto mais tempo demorar, mais juros vamos pagar e, portanto, isso é uma dívida que ninguém gostaria de ter, mas neste momento não depende de nós ter esse plano aprovado”, salientou.
Prevê-se que a SATA registe, até ao final deste ano, um prejuízo de 50 milhões de euros, sendo que em 2020 esse prejuízo foi de 88 milhões.
“Pode haver outras soluções para além da solução de aumento de capital”
A impossibilidade de injeção de 133 milhões de euros na SATA em resultado do chumbo do Orçamento de Estado, não é um assunto arrumado e pode haver outras soluções.
“Todas as soluções possíveis estão em aberto e, a seu tempo, neste quadro de contactos com a Comissão Europeia, pode haver outras soluções para além da solução de aumento de capital”, declarou ontem o presidente do Governo Regional, que também assistiu às explicações do presidente do conselho de administração sobre a SATA.
José Manuel Bolieiro deixou claro que a transportadora aérea açoriana presta um serviço “muito relevante e indispensável” aos Açores, ao mesmo tempo que enfatizou a importância da sua gestão ser “profissional” e “competente”. “Importa garantir que uma gestão profissional, competente e independente permita a solvabilidade do negócio e, portanto, da empresa, de modo a que ela não seja penosa para os contribuintes, uma vez que a Região é a acionista”, frisou José Manuel Bolieiro, que não esconde que o plano de reestruturação, que está a ser executado, é também “uma oportunidade de corrigir os erros do passado”.
O chefe do executivo açoriano desvalorizou o prejuízo de 45 milhões de euros registado no primeiro semestre deste ano no grupo. “Todo o mundo da aviação, perante os anos pandémicos, teve essas dificuldades. O que importa saber é se uma gestão profissional, competente, independente, sem intromissão política, pode assegurar um negócio viável, considerando a importância estratégica que a empresa tem para os Açores”, reiterou.
Os partidos que suportam o governo mostraram-se confiantes quanto à recuperação da SATA, havendo maiores reservas evidenciadas pela oposição e, inclusive, pela própria Iniciativa Liberal, Chega e deputado independente, que têm acordos de incidência parlamentar assinados com o PSD e a coligação.