Açoriano Oriental
Santos Silva defende diálogo “franco, leal e honesto” com Hungria

Portugal e Hungria têm “posições diferentes e às vezes opostas”, mas como aliados na NATO e na UE, com laços bilaterais antigos, devem debater “de forma franca, leal e honesta”, defendeu o ministro dos Negócios Estrangeiros português.

Santos Silva defende diálogo “franco, leal e honesto” com Hungria

Autor: Lusa/AO Online

Augusto Santos Silva recebeu em Lisboa o homólogo húngaro, Péter Szijjártó, para uma reunião de trabalho consagrada às relações bilaterais e temas da agenda europeia e internacional.

Na conferência de imprensa conjunta que ambos deram após o encontro, Santos Silva foi questionado sobre a razão que leva o Governo português a “estreitar relações” com um país onde, segundo múltiplas organizações internacionais, o Estado de Direito e a liberdade de imprensa estão em risco.

O ministro respondeu que “Portugal e a Hungria são aliados na NATO e membros da União Europeia”, “têm relações bilaterais intensas há muito tempo” e que a circunstância de os respetivos governos terem “posições diferentes e às vezes opostas em certos domínios” torna “ainda mais importante” que os ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países “se encontrem e debatam entre si de forma franca, leal e honesta”.

A questão não foi dirigida a Péter Szijjártó, mas o ministro húngaro fez questão de responder para “rejeitar as afirmações falsas relativas ao estado da democracia húngara e das liberdades” como “ataques politicamente motivados que carecem de qualquer base”.

“Tivemos de lutar pela nossa liberdade e não aceitamos lições de países que herdaram a democracia”, disse Szijjártó, sem especificar.

Na intervenção inicial que fez, Augusto Santos Silva afirmou que as relações bilaterais entre os dois países “têm uma longa história” e falou de “uma troca de impressões muito útil sobre "temas muito importantes da presidência portuguesa da UE como o Estado de Direito, as migrações e a política europeia de asilo ou a estratégia conjunta Europa-África”.

O ministro português disse que a cooperação com a Hungria “tem crescido” nos últimos anos na vertente económica e cultural, apontando que o país é membro associado da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e que os dois países “têm colaborado bem” na cooperação com África.

Péter Szijjártó, também na intervenção inicial, referiu-se igualmente às diferenças de perspetiva dos dois países, destacando como “todos estão conscientes da posição anti-migratória do Governo húngaro” e como Budapeste sabe “perfeitamente quer a política portuguesa é bem diferente”, mas assegurando que as relações “gerem-se no respeito mútuo”.

Tal como Santos Silva, o ministro húngaro destacou como ponto em comum o trabalho na estratégia da UE para África.

“Temos projetos de desenvolvimento para África, para contribuir para melhorar a vida da população africana e tornar possível que encontrem a chave para o seu futuro no seu próprio continente”, referiu.

Quanto à cooperação económica com Portugal, Szijjártó falou de um fundo de financiamento luso-húngaro no valor de 7 mil milhões de florins (cerca de 20 milhões de euros) para apoiar empresas de média dimensão na área da digitalização e num memorando, hoje assinado, sobre “atividades espaciais para fins pacíficos”, referindo “colaboração no desenvolvimento de tecnologias modernas de satélite, troca de dados de satélite e desenvolvimento de robótica e telecomunicações”.


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