Autor: Lusa/AO Online
Santa Clara e Nacional, clubes recém-promovidos à I Liga, distanciam-se dos restantes 16 clubes da edição 2024/25 da I Liga, no que diz respeito à longevidade técnica, ao manterem os treinadores inteiramente responsáveis pelas respetivas promoções a partir do segundo escalão na época anterior.
Vasco Matos lidera os “encarnados” de Ponta Delgada há 520 dias, num percurso iniciado em 20 de junho de 2023 e abrilhantado pela conquista do título de campeão da edição 2023/2024 da II Liga, enquanto Tiago Margarido está em funções há 507 dias, desde 03 de julho do mesmo ano, nos madeirenses, que regressaram à elite através do segundo lugar no patamar secundário.
No início do mês, os dois técnicos tornaram-se os mais duradouros no escalão principal, face às saídas quase em simultâneo de Ruben Amorim e Luís Freire, que orientavam o campeão nacional e líder invicto Sporting e o Rio Ave desde março de 2020 e junho de 2021, respetivamente.
Para os seus lugares chegaram duas caras conhecidas do futebol nacional. E se Petit chegou livre de compromissos a Vila do Conde ainda antes de se disputar a 11.ª jornada, João Pereira foi promovido da equipa B “leonina”, que participa na Liga3, logo a seguir, em plena paragem da prova para os compromissos das seleções nacionais, face à investida dos ingleses do Manchester United por Ruben Amorim, uma “novela”que se esticou durante largos dias, onde, e apesar de ter tudo acertado para rumar a Manchester, Ruben Amorim orientou o Sporting nas três partidas seguintes, tendo somado vitórias em todas (5-1 na receção ao Estrela da Amadora, 4-1 na receção aoManchester City, a contar para a Liga dos Campeões, e 2-4 no reduto do Sporting de Braga).
Em todas as 25 edições do campeonato iniciadas desde a viragem do milénio foram várias as mudanças técnicas em diferentes momentos, mas nunca se tinha registado a ausência em plena época de, pelo menos, um treinador com um ano e meio de atividade no mesmo clube.
Esse panorama foi contrariado em 2024/2025, quase três meses e meio depois do início da prova, face às nove trocas definitivas em 11 rondas, um novo recorde no século XXI, que foi estabelecido na passada sexta-feira, quando Vítor Campelos foi demitido do cargo técnico do AFS - o terceiro clube que foi promovido à mais recente edição da ILiga -, tendo sido sucedido por Daniel Ramos, que estava sem clube desde a sua passagem pelo Arouca, na última temporada.
Outros seis clubes já mudaram de equipa técnica com a época em andamento, incluindo Arouca, Estrela da Amadora, Farense ou Gil Vicente, bem como Sporting de Braga, no qual Carlos Carvalhal substituiu Daniel Sousa logo a seguir à ronda inicial, encetando a terceira passagem pelo banco, e Benfica, novamente treinado, e ao fim de quatro anos, por Bruno Lage, campeão em 2018/2019, face à saída na quarta jornada do alemão Roger Schmidt, vencedor em 2022/2023, consumada após o empate registado em Moreira de Cónegos, diante do Moreirense(1-1).
A alteração técnica no Gil Vicente teve a particularidade de acontecer a apenas dois dias da estreia na prova, quando Carlos Cunha rendeu de forma interina Tozé Marreco, que viria depois a suceder a José Mota no Farense à sexta jornada, antes da entrada permanente de Bruno Pinheiro a partir da segunda ronda.
Já Boavista, Casa Pia, Estoril Praia, Moreirense e Vitória de Guimarães mantêm as apostas feitas no defeso, tal como o FC Porto, cuja renovação presidencial acelerou em junho o fim do ciclo de sete épocas sob orientação de Sérgio Conceição, substituído pelo ex-adjunto Vítor Bruno.
Em função das recentes mudanças nos rivais Benfica e Sporting, os “dragões” têm o caso de maior durabilidade técnica entre os “grandes”, mas estão distantes do Santa Clara e do Nacional, que são perseguidos pelo Famalicão, com Armando Evangelista em funções há oito meses exatos.
O recorde de longevidade nas edições da I Liga iniciadas no século XXI pertence ao ex-médio internacional português António Sousa, cuja primeira passagem pelo banco do Beira-Mar aconteceu entre fevereiro de 1997 e maio de 2004, um total de 2.632 dias, intercalando cinco temporadas no escalão principal com três no patamar secundário.
Segue-se Sérgio Conceição, que comandou o FC Porto durante 2.482 dias (2017-2024), assinalados pela conquista das edições 2017/2018, 2019/2020 e 2021/2022 da I Liga, enquanto Jorge Jesus encerra o pódio, fruto de 2.112 dias na primeira de duas fases à frente do Benfica (2009-2015), que levou ao título de campeão nacional em 2009/2010, 2013/2014 e 2014/2015.
Entre as cinco principais Ligas europeias (Inglaterra, Itália, Espanha, Alemanha e França), sobressai o trajeto ascensional de 6.269 dias de Frank Schmidt no Heidenheim, ao qual chegou em setembro de 2007, quando o clube alinhava no quinto escalão germânico, sendo que o clube se encontra atualmente na I Divisão alemã e a disputar a Liga Conferência, prova que também conta com a participação do Vitória de Guimarães.
O argentino Diego Simeone está prestes a completar o 13.º ano nos espanhóis do Atlético de Madrid e soma 4.701 dias desde o seu primeiro jogo, contra os 3.021 do espanhol Pep Guardiola e de Gian Piero Gasperini no tetracampeão inglês Manchester City e nos italianos da Atalanta, vencedores da edição 2023/2024 da Liga Europa, respetivamente.