“É melhor negociar e fazê-lo agora do que mais tarde. O espaço para tomar decisões para ele [Volodymyr Zelensky] reduz-se à medida que perde territórios” face à ofensiva das forças russas, afirmou o porta-voz do Kremlin.
Dmitri Peskov disse também que a Rússia não recebeu oficialmente os detalhes da proposta dos Estados Unidos, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
O plano prevê nomeadamente que a Ucrânia ceda à Rússia Donetsk e Lugansk (leste) e reconheça a anexação da Crimeia, ocorrida em 2014, segundo várias fontes citadas pela comunicação social internacional.
Prevê igualmente uma redução dos efetivos regulares das forças armadas ucranianas.
“A continuação [da guerra] para eles não tem sentido e é perigosa”, insistiu Peskov durante a conferência de imprensa telefónica diária, também citado pela agência espanhola EFE.
Peskov disse que os recentes sucessos da Rússia no campo de batalha “são a imposição a Zelensky e ao seu regime de um arranjo pacífico do problema”.
“O eficaz trabalho das Forças Armadas russas deve convencer Zelensky e o seu regime de que é melhor chegar a um acordo e fazê-lo agora”, afirmou, sugerindo a Kiev que “deve tomar uma decisão responsável”.
Peskov recusou-se a comentar o conteúdo do plano, alegando que o Kremlin se opõe a negociar a paz na Ucrânia “com um megafone na mão”.
Assegurou que a presidência norte-americana não informou oficialmente o Kremlin sobre os detalhes da nova proposta, mas referiu que Moscovo se mantém fiel ao acordado na cimeira do Alasca em agosto.
“Oficialmente não recebemos nada. Mais ainda, ficámos a saber algumas coisas pela imprensa, embora os nossos contactos [com os EUA] não cessem, e nunca os interrompemos”, disse Peskov.
A Rússia anunciou hoje que tomou 16 localidades na Ucrânia durante a última semana, coincidindo com as notícias sobre o plano de paz de 28 pontos, que generais norte-americanos apresentaram a Zelensky na quinta-feira em Kiev.
O Presidente russo, Vladimir Putin, respondeu ao plano deslocando-se na quinta-feira a um posto de comando do agrupamento militar Zapad (Oeste), onde o estado-maior o informou da tomada do bastião de Kupiansk na região de Kharkiv.
A agência russa Ria Novosti, citando o jornal britânico Financial Times, noticiou que o plano prevê também o fim da ajuda militar norte-americana a Kiev, a declaração do russo como língua oficial na Ucrânia e a renúncia ucraniana a todo o Donbass.
O plano inclui igualmente uma proibição do destacamento de tropas estrangeiras em território ucraniano e do fornecimento de armas de longo alcance a Kiev.
A Ria Novosti acrescenta que, tal como noticiou o jornal ‘online’ norte-americano Axios, o plano pressupõe que os Estados Unidos e outros países irão reconhecer a Crimeia e o Donbass como legítimos territórios russos.
