Autor: Lusa / AO online
"Entre 10 a 12 pessoas dormem na rua em Ponta Delgada. É um número que se tem mantido estável", afirmou Paulo Fontes, responsável da associação Novo Dia, em declarações à Lusa.
O Campo de S. Francisco, no centro da maior cidade açoriana, é um dos locais onde se concentram mais pessoas sem-abrigo, mas a sua presença tem vindo progressivamente a deslocar-se para os extremos da cidade, nomeadamente para a zona da Avenida D. João III e Rua da Boa Nova, na Calheta, perto da Cadeia de Ponta Delgada.
Paulo Fontes salientou que muitos sem-abrigo continuam a dormir nos bancos de jardim existentes no Campo de S. Francisco, mas frisou que, durante o dia, concentram-se nas imediações de uma superfície comercial na Calheta, no extremo oriental da cidade, "onde é mais fácil pedir esmola".
"À noite, escolhem locais mais escondidos, como alpendres de garagens ou de espaços comerciais, para dormir", acrescentou.
O responsável da Novo Dia, que presta apoio a pessoas em situação de exclusão social, salientou que os sem-abrigo também se concentram na zona de Santa Clara, no extremo ocidental da cidade, nomeadamente no antigo matadouro, cujas instalações estão abandonadas, e nas antigas instalações do Serviço de Atendimento Urgente, na freguesia de S.José.
Segundo Paulo Fontes, trata de pessoas com graves problemas de alcoolismo e droga, sem laços familiares, que se encontram desempregadas.
A PSP, em articulação com a autarquia, patrulha diariamente os locais mais utilizados pelos sem-abrigo para "identificar comportamentos que não são correctos", mas também com o objectivo de ajudar na sua recuperação.
"A intervenção da PSP é sistemática e metódica e, no caso dos sem-abrigo, procuramos sempre aconselhar a ida para um centro de acolhimento e transportámo-los a um abrigo", afirmou o comissário Rúben Medeiros, em declarações à Lusa.
O responsável policial admitiu, no entanto, que estas pessoas permanecem nos locais de acolhimento "um ou dois dias, mas acabam por regressar à rua, porque estão habituados a viverem sem regras".
Apesar de se tratar de pessoas em situação de exclusão social, o comissário da PSP frisou que, em geral, "não têm comportamentos que configuram um crime".
A maior parte das ocorrências em que se envolvem refere-se a "provocações aos transeuntes, devido ao consumo de álcool ou pedidos insistentes de esmola".
"De vez em quando, acontecem comportamentos inadequados, mas são comportamentos que, regra geral, não configuram crime", afirmou o responsável policial.