Autor: AO Online/ Lusa
No discurso de encerramento da campanha, o líder do maior partido da oposição deixou claro que, muitas vezes, "se faz de lorpa", mas sabe que houve concelhias que quiseram boicotar o desenvolvimento do partido.
"Há distritais neste país que funcionaram bem, que procuraram chamar as pessoas para o Conselho Estratégico Nacional. Há outras que gostariam de ter funcionado bem, mas desligadas que estão da sociedade, não conhecem sequer pessoas para poder chamar", afirmou.
"E há outras - as tais em que eu me fiz de lorpa - em que manifestamente outras nada fizeram e até boicotaram para evitar que venha gente cá para dentro atrapalhar aquilo que é o controle que eles hoje têm no partido", continuou.
Se foi assim neste primeiro mandato, no próximo, na eventualidade de ser reeleito, não será, garantiu o atual líder, afirmando estar disponível para comprar uma guerra.
"No próximo mandato, é evidente que não pode ficar assim e, portanto, eu estou disponível para comprar a guerra. Aliás, costumo comprar guerras com facilidade, porque aproveito todos os saldos e vou logo comprar uma guerra desde que ela esteja a preço de saldo. E, portanto, eu compro a guerra", assegurou.
O líder do PSD garantiu que vai ser dada oportunidade às distritais e às concelhias para fazer melhor, mas se "num espaço razoável de tempo" assim não acontecer, "vai por cima" e fará de outra maneira, disse, sublinhando que não podem é "continuar a obstaculizar o desenvolvimento do partido".
"O que eu quero é que as coisas funcionem e vão avante. Por isso tenho de fazer. Se correr mal, (…) saio e vem outro. Isto tem de ser mudado. Não podemos ter concelhias fechadas em torno de meia dúzia de pessoas", acrescentou.
O presidente do PSD definiu ainda três objetivos estratégicos para o próximo mandato, defendendo que o primeiro deve focar-se na recuperação da "força autárquica que o PSD já teve e que perdeu".
Em segundo lugar, é preciso abrir o partido, pois os partidos políticos não podem continuar "divorciados" da sociedade civil.
O terceiro eixo assenta na forma de fazer oposição que, tornou a defender, não deve ser destrutiva, mas construtiva, apontou o líder dos sociais-democratas.
"Uma oposição não pode ser só o bota-abaixo. Não vamos votar contra só porque somos contra”, declarou, numa alusão ao Orçamento do Estado para 2020 aprovado na generalidade na sexta-feira.
No Porto, na sala de uma unidade hoteleira onde, em abril de 2001, apresentou a sua candidatura à Câmara do Porto, Rio deixou mais uma vez claro que parte para as diretas com "completo desprendimento" do poder, sublinhando que, quando se fazem muitas contas de cabeça, "apoia aqui e desapoia acolá", não se vai "a lado nenhum".
"Se os militantes amanhã [hoje, sábado] acharem que devem votar maioritariamente em mim, agradeço a confiança e farei o melhor que sei e que posso em serviço ao PSD e a Portugal. Mas se entenderem que assim não deve ser, continuará tudo bem e eu não guardarei rigorosamente rancor nenhum e vou tranquilamente à minha vida", concluiu.
Cerca de 40 mil militantes do PSD com as quotas em dia podem hoje votar nas diretas para escolher o próximo presidente, que vão ser disputadas entre o atual líder, Rui Rio, o antigo líder parlamentar Luís Montenegro e o vice-presidente da Câmara de Cascais Miguel Pinto Luz.