Autor: Lusa/AO Online
O novo diploma, proposto pelo Governo Regional, junta numa única lei toda a legislação que existia na região sobre património cultural e define, entre outras coisas, as regras na recuperação de bens móveis e imóveis no arquipélago, sobretudo em zonas classificadas.
"A principal preocupação reside na conciliação entre a tradição e a modernidade, para que o povo não seja inimigo do património, já que tem de ser o seu principal defensor", destacou o secretário regional da Educação e Cultura, Avelino Meneses, na apresentação do diploma, na cidade da Horta.
O governante lembrou que o novo regime jurídico permite, por exemplo, a utilização de novos materiais na recuperação de bens imóveis, para fazer face a pragas e catástrofes naturais.
"Para combater a evasão das térmitas, poderá fazer-se a substituição das estruturas de madeira por estruturas de metal e eventualmente de betão", salientou Avelino Meneses.
Félix Rodrigues, do CDS, entende, no entanto, que o novo regime jurídico de proteção dos bens culturais dos Açores poderá ter demasiada influência na vida dos açorianos, ao restringir a utilização de determinados materiais na recuperação de imóveis.
"No caso da cidade de Angra, Património Mundial, vai desde a cor das portas, ao tipo de telha, desde a forma das janelas à transparência dos vidros", recordou o deputado centrista, para quem estas imposições podem "paralisar" eventuais intervenções nos imóveis.
O novo diploma esteve em processo de consulta pública, mas poucas foram as pessoas e entidades que se pronunciaram sobre a proposta, uma situação que, segundo Aníbal Pires, do PCP, revela o desconhecimento dos cidadãos em relação às consequências da nova legislação.
Paulo Estevão, do PPM, entende, no entanto, que logo que este diploma entre em vigor, "algumas pessoas até possam vir a fazer abaixo-assinados, porque se sentem prejudicadas".
Já Zuraida Soares, do Bloco de Esquerda, considera que falta ainda "o mais importante", para que este diploma possa dar um verdadeiro impulso à reabilitação urbana, ou seja, as verbas comunitárias.
José Andrade, do PSD, manifestou, por sua vez, preocupação com o facto do novo regime jurídico de proteção do património cultural surgir seis anos após a última classificação, por parte da Região, de um bem imóvel nos Açores.
Renata Botelho, da bancada do PS, realçou o amplo consenso conseguido em terno do diploma, lamentando, porém, que nem todos os partidos da oposição tenham apresentado propostas de alteração à versão inicial do documento.
A nova legislação foi aprovada com os votos do PS, PSD e Bloco de Esquerda e com a abstenção dos restantes partidos.