Autor: Lusa/AO Online
Em maio de 2018, a conserveira Cofaco, dona do atum Bom Petisco, encerrou a fábrica da ilha do Pico, despedindo 162 trabalhadores, com o compromisso de abrir uma nova fábrica até janeiro de 2020, com capacidade inicial para 100 trabalhadores e a possibilidade de aumentar o efetivo até 250.
Dois meses depois, o PCP apresentou um projeto de resolução, aprovado por unanimidade na Assembleia da República, que recomendava ao Governo a criação de um "regime especial e transitório de facilitação de acesso, majoração de valor e prolongamento de duração de apoios sociais aos trabalhadores em situação de desemprego" na ilha do Pico.
A proposta, entretanto integrada no Orçamento do Estado para 2020, também por iniciativa dos comunistas, ainda não foi, no entanto, regulamentada.
Hoje, a Assembleia da República debateu um projeto de lei do PSD em que o partido, pelo deputado Paulo Moniz, advogou ser necessário, "de uma vez por todas, pôr mão a este assunto e ajudar as pessoas”.
A iniciativa social-democrata pretende a criação de um regime transitório de apoio com prolongamento do prazo do subsídio de desemprego, com majoração do apoio social RSI em 20% e do abono de família em 25%, até janeiro de 2024, data em que se espera que a nova fábrica esteja em laboração.
"Apesar da aparente unanimidade em torno da resolução desta matéria, o Governo teima em ignorar um drama real dos trabalhadores despedidos da fábrica da Cofaco no Pico. Está, por isso, nas mãos dos partidos com assento neste parlamento, voltar a este assunto dando-lhe força de lei e quantas vezes forem necessárias para ajudar estas pessoas já que este Governo não se comove”, reforçou o parlamentar açoriano.
Pelo PS, João Castro reconheceu a "necessidade premente de intervir" a favor dos trabalhadores, daí que o grupo parlamentar acompanhará a iniciativa do PSD na votação marcada para sexta-feira.
CDS e Bloco de Esquerda, pelos deputados João Almeida e Isabel Pires, respetivamente, lembraram a dificuldade em encontrar alternativas laborais no contexto específico do Pico, com a bloquista a sinalizar ainda que há trabalhadores "em idades avançadas" e com dificuldades acrescidas em encontrar novo posto laboral.
Já o PCP, pela deputada Alma Rivera, diz ter conhecimento de "famílias sem rendimento nenhum", de "situações verdadeiramente dramáticas", acrescentando que o partido irá "continuar a sua voz, cá e lá [Açores]" para responder a esta situação.