Autor: Lusa/Ao On line
Estas são as expectativas de dois economistas contactados pela Lusa: o antigo ministro das Finanças do Governo PSD/CDS-PP Bagão Félix e a antiga secretária de Estado e ministra da Saúde do Executivo de António Guterres (PS), Manuela Arcanjo.
No entender de Bagão Félix, "as questões fundamentais do país começam por ser políticas, desde logo, a questão que hoje em dia é crucial que é a questão do combate à corrupção".
"É uma questão fundamental que se prende com a forma como o Estado se relaciona com a sociedade, como o sistema de justiça é gerido, como as leis são ou não aplicadas; no fundo, tem a ver com o alicerce de qualquer sociedade que é o conjunto de princípios que a norteiam", considerou o economista.
Relativamente ao programa do Governo, que começa hoje a ser discutido, o antigo ministro das Finanças diz que este é "omisso" em quatro aspectos fundamentais: "desemprego, dívida, défice e desigualdade social".
Neste sentido, o ex-governante defendeu a necessidade de "uma cultura de negociação e de compromisso", até agora considerada um pouco esquecida pelo Executivo de José Sócrates.
Esta visão é igualmente partilhada pela economista Manuela Arcanjo, segundo a qual José Sócrates terá grandes dificuldades pela frente nos próximos quatro anos.
"A maior dificuldade é o perfil de José Sócrates, totalmente diferente de António Guterres que era um homem dialogante; o [actual] primeiro-ministro não o é, de todo, [mas] vai ter de o fazer porque é um político", afirmou a ex-ministra da Saúde.
"A legislatura ainda agora começou e já há uma grande avidez por parte da oposição em levar para o terreno da Assembleia matérias que são da competência do Governo".
No entanto, a ex-governante considerou que "por ser um Governo de maioria relativa, na medida em que é mais trabalhoso na acção governativa, não será por isso que José Sócrates não será capaz de levar o país a um rumo melhor do que o actual".
A posição da economista está em linha com a defendida por Bagão Félix em matéria de desemprego e desigualdade social, pelo que lamentou que o anterior Governo de Sócrates não tenha alterado as regras para a atribuição do subsídio de desemprego.
"É uma matéria que não estava e continua a não estar porque o Governo nunca quis alterar regras para a atribuição do subsídio do desemprego, o que hoje é um drama social".
Relativamente à consolidação das contas públicas "o que vem no programa não é nada de particularmente interessante porque ainda não sabemos o que é que vai ser decidido pelo Governo em termos de horizonte de consolidação".