Em declarações à Agência Lusa a propósito da Cimeira da Nato em Lisboa, Alfredo Cruz sustenta que “desde o desmoronar do império Soviético e do seu braço armado, o Pacto de Varsóvia, que a Nato procura uma missão forte que mantenha a sua razão de ser”.

Para este militar, que já foi comandante da Base das Lajes e da Zona Aérea dos Açores “existem duas perspetivas diferentes: os americanos que pretendem uma Aliança com maiores responsabilidades e os europeus com falta de vontade política” de se envolver.

“Há uma falta de vontade política na Europa de envolver as suas forças militares porque as populações e a sua opinião pública, cujos sinais são evidentes, não apoiam a sua participação em cenários de ameaça elevada”, considera Alfredo Cruz.

Acentua que “a Europa não tem demonstrado vontade política de investir na modernização das suas capacidades militares, o que vem causando algum mal-estar entre os dois lados do atlântico”.

Reforça a sua opinião com o exemplo de que “na Cimeira da NATO em Praga, em 2002, foi acordado entre todos os aliados que, de forma faseada, os orçamentos de defesa dos países europeus aliados deveriam ser de, pelo menos, 2 por cento do PIB”.

Porém, “com a excepção do Reino Unido, França e Espanha, todos eles se mantiveram abaixo desse número e a tendência tem sido baixar a percentagem, mesmo para os países referidos anteriormente, tendo em alguns casos descido para números perto de um por cento”.

Sobre a importância dos Açores e da Base das Lajes, Alfredo Cruz não tem dúvidas em considerar que “são uma importantíssima base de apoio para a projecção de poder para o Médio Oriente e para África”.