Autor: Lusa/AO online
Segundo um dos cientistas da Missão Rosetta, Fabrizio Capaccioni, a temperatura detetada pelas primeiras imagens enviadas pela sonda, no início de agosto, revelam que o cometa é "demasiado quente para ter a presença de gelo", ao contrário do que se previa, uma vez que se encontra a cerca de 555 milhões de quilómetros de distância do Sol, três vezes mais do que a Terra.
Capaccioni, da VIRTIS - Visible and Infrared Thermal Imaging Spectrometer (espectómetro que mede a temperatura) admitiu que não é possível ainda determinar a temperatura certa de cada fragmento do cometa, mas no geral deverá rondar 70º Celsius negativos.
"Este resultado é interessante. Embora esta temperatura seja fria, é mais quente do que prevíamos", afirmou o investigador italiano.
O espectómetro VIRTIS permitiu também confirmar que grande parte da superfície do 67P/C-G é "empoeirada" e que a temperatura varia consoante a presença do sol.
Fabrizio Capaccioni disse ainda que "a análise rigorosa ainda agora começou" e, por isso, há ainda muitos dados a apurar. Para breve, irá estudar-se a variação da temperatura em áreas específicas do cometa para perceber a rapidez da reação à presença de iluminação solar.
Mais de 800 cientistas de todo o mundo estão esta semana em Cascais para participar no Congresso Europeu das Ciências Planetárias (Europlanet), considerado o maior encontro europeu ligado à Astronomia.
O Europlanet terá 52 sessões, nas quais se destaca a apresentação dos resultados da Missão Rosetta, que decorreu hoje de manhã.
A sonda europeia Rosetta foi lançada há 10 anos pela Agência Espacial Europeia para ir ao encontro do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko e só no início do passado mês de agosto conseguiu aproximar-se o suficiente e enviar as primeiras imagens em alta definição.
Os cientistas esperam receber mais imagens nos próximos meses, à medida que a Rosetta se for aproximando ainda mais do cometa.