Açoriano Oriental
Presidente do Governo dos Açores defende agenda para a década sem "interesses de circunstância"

O presidente do Governo Regional dos Açores defendeu esta segunda-feira que a região tem de fazer uma reflexão estratégica com objetivos para uma década, sem olhar a "interesses de circunstância".

Presidente do Governo dos Açores defende agenda para a década sem "interesses de circunstância"

Autor: Lusa/AO Online

“A nossa agenda tem de ser de década. Temos de pensar que a ação das políticas públicas associadas ao empreendedorismo do nosso funcionamento em economia de mercado, na qualificação de excelência dos nossos recursos humanos, é para a década e não para a espuma do dia ou para o ano. A anualidade de planos e orçamentos é um percurso não é a essência”, afirmou o chefe do executivo açoriano.

José Manuel Bolieiro falava segunda-feira à noite, em Angra do Heroísmo, na sétima edição Fórum Autonómico, que o executivo tem vindo a promover em várias ilhas e que desta vez contou com a participação do eurodeputado social-democrata José Manuel Fernandes.

O presidente do Governo Regional, da coligação PSD/CDS-PP/PPM, que tomou posse em novembro de 2020, considerou que “é preciso ter coragem e não ceder ao ruído”.

Segundo José Manuel Bolieiro, o Executivo não se pode comover “com o exercício de alguma lógica de grupelho, de interesses de circunstância que procuram contrariar a visão estratégica, que exige sacrifício numa determinada fase”, mas “tem um rumo traçado para uma perspetiva de médio e longo prazo de sucesso”.

“É um desafio que não é fácil de vencer, sobretudo se nos convencermos que a comodidade de encontrar toda a gente satisfeita apenas porque atuamos em função da espuma do dia, é uma tranquilidade quotidiana, mas é um percurso ao precipício”, sublinhou.

Para mudar de paradigma, é preciso uma reflexão estratégica “pensada com objetivos a alcançar por uma década”, de civilização, identidade, povo e de referência geopolítica, demográfica e económica, defendeu José Manuel Bolieiro.

“Os paradigmas que nos atrasam e amarram ao subdesenvolvimento têm de ser alterados e temos de ter capacidade de rutura”, frisou, alegando que a região não pode “ter medo do desafio novo ou inovador para alcançar estrategicamente um novo rumo”.

Se os Açores não mudarem de paradigma podem tornar-se “mais periféricos” e “mais irrelevantes” na competitividade global, apesar dos instrumentos financeiros comunitários e das potencialidades dos seus recursos endógenos, alertou o presidente do Governo Regional.

Bolieiro apelou, por isso, a uma maior participação cívica da população na definição do próximo programa operacional de fundos comunitários dos Açores, não com “interesse pessoal”, mas com “sentido estratégico” de “aproveitar uma alavanca financeira para mudar o paradigma da pobreza e da incapacidade de aproveitamento dos recursos endógenos para criação de riqueza”.

O presidente do Governo Regional disse que a região pode dar lições à Europa sobre sustentabilidade global, “na componente ambiental, social e económica”, e apelou ao eurodeputado José Manuel Fernandes para que divulgue “a vontade de participação que os Açores têm no contexto europeu”.

“Temos cá competências e condições que interessam ao país, que interessam à Europa. É preciso fazer esta pedagogia”, avançou.

José Manuel Fernandes considerou que os Açores têm oportunidades para desenvolver investigação, por exemplo, nas áreas do mar e do espaço e sugeriu a criação de consórcios para aproveitamento dos fundos comunitários.

À imagem do Plano Junker, em que participou como relator, disse que a região podia tentar um “plano Bolieiro”, em que se juntassem subvenções e empréstimos.

O eurodeputado criticou, por outro lado, a falta de articulação em Portugal entre os diferentes programas de apoio comunitário e a falta de definição de objetivos de longo prazo.

“Devíamos ter definido o que queríamos. Que Portugal é que queremos em 2030 e que objetivos é que nós queremos em termos de produtividade, competitividade, exportação, combate à pobreza em termos da melhoria dos próprios salários, da educação?”, apontou.

“Deviam ter feito fóruns deste tipo, envolvendo todos na definição do que devia ser o Plano de Recuperação e Resiliência, na definição do Portugal 2030. Deviam estar articulados”, acrescentou.


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