Autor: Lusa/Ao online
Em nota enviada à imprensa, o deputado do PPM no parlamento açoriano, Paulo Estêvão, anexa um edital de hoje da autarquia única do Corvo no qual é referido que, "tendo em conta a fraca pluviosidade" na ilha, se apela ao "bom senso" dos corvinos na gestão da água, havendo cortes "nos próximos dias" entre as 13:30 e as 17:30 e as 21:00 e as 07:30.
"É preciso não ter um pingo de vergonha e agir com um sentimento total de impunidade. Fala em bom senso o homem que destruiu as reservas hídricas da ilha do Corvo ao longo de meses e meses de utilização de milhares de litros de água diários", acusa o PPM.
Os monárquicos advogam ter alertado "repetidamente, ao longo do último ano, a câmara do Corvo, o Governo Regional e a opinião pública para as consequências potencialmente devastadoras" do que dizem ser um "acordo de cavalheiros” existente entre o município e o consórcio Somague-Ediçor Engenharia, S.A., que “permitiu a esta empresa retirar gratuitamente milhares de litros diários de água dos reservatórios agrícolas e das lagoas artificiais" que abastecem a vila e os cidadãos da ilha, a mais pequena e menos populosa dos Açores, com cerca de 450 habitantes.
"Só no mês de agosto de 2018 é que a empresa deixou de se abastecer de água doce e passou a utilizar a água do mar, como devia ter feito desde o início", e, entretanto, "os reservatórios agrícolas secaram durante o verão, com exceção de um, apenas acessível a veículos com tração 4x4, afetando gravemente os agricultores da ilha", acrescenta a nota do deputado único do PPM na Assembleia Legislativa Regional.
A agência Lusa tentou hoje, sem sucesso, o contacto com o presidente da autarquia local, José Manuel Silva (PS).
Em setembro, José Manuel Silva disse que o consórcio em causa estava "a fazer a maior obra pública de que há memória na ilha do Corvo nos últimos anos”, o aumento do porto marítimo.
O presidente da Câmara Municipal do Corvo considerou então que as acusações feitas à época por Paulo Estêvão se enquadravam numa “estratégia política que foi desde a greve de fome até ao ataque sistemático nas redes sociais” e que o deputado procurava “gerar um clima claramente intimidatório”.