Açoriano Oriental
PM escocesa quer independência para melhorar relações com Inglaterra e aderir à UE

A primeira-ministra da Escócia e líder do Partido Nacional Escocês (SNP), Nicola Sturgeon, afirmou que a independência pode melhorar as relações com o resto do Reino Unido e é “essencial" para regressar à União Europeia (UE).

PM escocesa quer independência para melhorar relações com Inglaterra e aderir à UE

Autor: Lusa/AO Online

“Alguns veem a independência como um virar de costas ao resto do Reino Unido. Não é isso - trata-se de reformular a nossa relação como uma de igual para igual”, argumentou a líder, no discurso de encerramento do congresso do SNP em Aberdeen, cidade portuária no nordeste da Escócia.

Segundo Sturgeon, "a independência é de facto a melhor forma de proteger a parceria em que o Reino Unido foi fundado - uma parceria voluntária de nações”, acusando o “unionismo agressivo” de pôr em causa a união. 

"A recusa de Westminster de uma democracia escocesa. Ataques frontais totais à autonomia. Uma básica falta de respeito. É isto que está a causar tensão e a desgastar os laços entre nós”, queixou-se a líder escocesa.

Por outro lado, disse a representante, a independência é "essencial se queremos voltar à UE”, alegando que o ‘Brexit’ foi imposto à região, que votou maioritariamente contra a saída do Reino Unido do bloco comunitário no referendo de 2016.

No passado dia 28 de junho, a primeira-ministra da Escócia anunciou que pretendia realizar um referendo "consultivo" sobre a independência da região britânica a 19 de outubro de 2023, apesar da oposição do Governo britânico.

"A Escócia tem o que é preciso para ser um país bem-sucedido e independente e tem-no em abundância. Nunca deixem que ninguém vos diga o contrário”, afirmou, recebendo uma grande ovação.

Na mesma intervenção, Sturgeon afirmou querer um país "em que nenhuma criança vá para a cama com fome”.

“Um lugar onde todos possam dar-se ao luxo de aquecer a casa, onde os nossos vastos recursos energéticos beneficiem todos os que aqui vivem e ajudem a salvar o planeta”, declarou.

E argumentou: “Algumas pessoas perguntam - e não se trata de uma pergunta ilegítima - porquê propor um referendo no meio de uma crise do custo de vida? A resposta está na pergunta. A resposta está na crise do custo de vida”.

Prometendo apresentar nos próximos dias mais argumentos económicos a favor da independência, a representante avançou com o projeto de criação de um Fundo de Investimento financiado com as receitas da exploração de combustíveis fósseis no Mar do Norte, ao largo da Escócia.

Com os 20.000 milhões de libras (23.000 milhões de euros) que estima que o Fundo poderá angariar, a líder escocesa sugeriu investir na eficiência energética das casas, reduzir os preços da energia doméstica, financiar a construção de habitações e promover a neutralidade carbónica.

A primeira-ministra escocesa prometeu ainda manter-se em funções "durante bastante tempo” e continuar a lutar pela independência.

O Tribunal Supremo britânico vai começar a avaliar na terça-feira um pedido para a assembleia regional autónoma escocesa poder legislar no sentido de organizar um referendo em outubro de 2023 sem necessitar da autorização de Londres.

O Governo britânico recusou até agora autorizar uma repetição da consulta realizada em 2014, quando 55% dos eleitores rejeitaram a independência. 

Se perder o processo, o SNP propõe concorrer às próximas eleições legislativas, que terão de se realizar até ao fim de janeiro de 2025, com uma proposta única de realizar um referendo, esperando que uma vitória reflita o apoio dos eleitores a uma nova consulta.

Uma derrota no tribunal de última instância deve levar o SNP a refletir, segundo admitiu Nicola Sturgeon, e a fazer uma escolha entre “apresentar a nossa proposta de independência aos eleitores numa eleição ou desistir da democracia escocesa”. 

"Quanto a vocês, não sei - na verdade, penso que sei - mas eu nunca desistirei da democracia escocesa”, garantiu.

A Escócia e a Inglaterra estão politicamente unidas desde 1707, mas em 1999 a Escócia passou a ter o próprio parlamento e governo em Edimburgo, sendo estes responsáveis por políticas de saúde pública, educação, agricultura, segurança e outros assuntos. 

O Governo do Reino Unido sediado em Londres controla matérias como a defesa, política externa, imigração e política fiscal.


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