Autor: Lusa/AO Online
Os deputados, cujos trabalhos foram suspensos devido à interrupção da Páscoa, vão discutir “a apresentação de propostas legislativas para garantir a continuação do funcionamento dos altos-fornos da British Steel”, uma filial da empresa chinesa Jingye, de acordo com um comunicado da Câmara dos Comuns (câmara baixa do Parlamento britânico).
A Câmara dos Lordes também foi convocada para sábado.
A British Steel, siderurgia britânica que se encontrava em dificuldades há anos, foi salva da falência pela empresa chinesa em 2020.
O encerramento dos altos-fornos, no início de junho, vai implicar a perda de 2.000 a 2.700 postos de trabalho.
A proposta de lei surge num contexto de tensão entre o Governo e a empresa sobre a ajuda pública para mudar para fornos elétricos, menos poluentes e requerer menos mão de obra.
"Todas as opções estão em cima da mesa (...) para garantir um futuro próspero" para estes altos-fornos, afirmou o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, a uma comissão parlamentar, na terça-feira, quando questionado sobre uma possível nacionalização.
Embora não tenha confirmado explicitamente que o Governo está a considerar a possibilidade de assumir o controlo da empresa, esta tem uma “enorme importância estratégica” e “todas as opções estão em cima da mesa, incluindo a nacionalização”, indicou uma fonte governamental, citada pelo jornal britânico The Guardian na quarta-feira.
“Não podemos permitir que a Grã-Bretanha se torne o único país do G7 [Grupo dos sete países mais industrializados do mundo] sem capacidade de produzir aço”, afirmou o secretário-geral do sindicato Comunidade, Roy Rickhuss.
Na ausência de um acordo com o grupo chinês Jingye, “é essencial que sejam tomadas medidas urgentes para garantir que a British Steel se torne uma empresa pública”, acrescentou.
O grupo escusou-se a fazer qualquer comentário, na sequência do anúncio da convocação do Parlamento.
Quando anunciou o encerramento, o grupo citou as condições de mercado “muito difíceis” e as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao setor, afirmando que estava a perder 700.000 libras (814.000 euros) por dia.
Esta é a primeira vez que os deputados britânicos têm de se reunir em plenário ao sábado desde outubro de 2019.