Autor: Rui Jorge Cabral
Os dois anos de interrupção devido à pandemia de Covid-19
não afetaram as Romarias Quaresmais de São Miguel, que vão estar na
estrada entre os dias 25 de fevereiro e 6 de abril.
Conforme afirma
em declarações ao Açoriano Oriental o presidente do grupo coordenador do
Movimento de Romeiros de São Miguel, João Carlos Leite, são esperados
este ano 55 ranchos com cerca de 2300 romeiros a percorrer as estradas
de São Miguel em oração, sempre com o mar pela esquerda e com paragens
das ermidas e igrejas dedicadas a Nossa Senhora.
Um número de
ranchos e de romeiros que está em linha com o verificado em 2020, sendo
nesse ano as romarias foram interrompidas devido ao surgimento dos
primeiros casos de Covid-19 nos Açores e ao confinamento geral que daí
resultou.
Há apenas a registar a saída do rancho de romeiros de
Água Retorta, no Concelho da Povoação, que não conseguiu este ano reunir
um número mínimo para poder sair, embora compensada com o regresso após
duas décadas sem sair do rancho da Achada, no Concelho do Nordeste.
Para
João Carlos Leite, a expectativa é boa neste regresso dos romeiros à
estrada. “Sabemos que, na generalidade, os romeiros estão ansiosos que a
Quaresma chegue e por rumar à estrada, numa caminhada de
espiritualidade, de conversão e de mudança de vida”, havendo ainda a
registar, como já é tradição, a vinda a São Miguel de ranchos da
diáspora, neste caso dois vindos da cidade de Toronto, no Canadá.
Apesar
da popularidade das Romarias Quaresmais na ilha de São Miguel, não
existem ranchos de romeiros em todas as freguesias, havendo
inclusivamente freguesias e lugares vizinhos que se reúnem num único
rancho para poderem ter o número suficiente de romeiros para poder sair
para a estrada.
São os casos, por exemplo, das Furnas e da Ribeira
Quente, no Concelho da Povoação, que se reúnem no mesmo rancho ou das
freguesias dos Mosteiros e Ginetes, incluindo o lugar da Várzea, no
Concelho de Ponta Delgada, que se reúnem também no mesmo rancho.
Por
outro lado, há casos de freguesias de maior dimensão que têm dois
ranchos de romeiros, como é o caso dos Arrifes, no Concelho de Ponta
Delgada, que tem um rancho por cada um das suas duas paróquias da Saúde e
dos Milagres. Também a Maia, no Concelho da Ribeira Grande, tem dois
ranchos de romeiros, neste caso um do centro da freguesia e o outro do
lugar da Lombinha da Maia, o mesmo acontecendo no Concelho da Lagoa, com
os ranchos do centro da Freguesia de Santa Cruz e do lugar dos
Remédios.
E embora as romarias ainda não tenham saído para a
estrada, o presidente do grupo coordenador do Movimento de Romeiros de
São Miguel acredita que “este interregno devido à pandemia não nos irá
desmobilizar, antes pelo contrário”, sendo boa a expectativa das
famílias continuarem a receber romeiros nas suas casas para as
pernoitas, havendo no entanto sempre a alternativa das pernoitas serem
feitas em locais públicos, como escolas ou edifícios polivalentes.
Retiro dos Romeiros conta coma presença do bispo de Angra
Realiza-se, na Escola Secundária da Lagoa, o Retiro para responsáveis dos
Ranchos de Romeiros, que contará com a presença do novo bispo de Angra,
D. Armando Esteves Domingues.
Este Retiro servirá não só para dar o arranque às Romarias Quaresmais em termos organizativos, como serve também de preparação espiritual para esta semana especial passada a percorrer as estradas de São Miguel.
O Retiro conta este ano com a participação de 220 romeiros e registou até mais inscrições do que antes da pandemia.
Com
o tema “A Paz é o Caminho”, o Retiro terá intervenções pelo padre José
Júlio Rocha, mas também pelo padre polaco, Andrzej Grecki, que é
pároco no Canadá, junto da comunidade portuguesa e irá falar sobre a sua
Tese de Doutoramento, apresentada no ano passado na Universidade João
Paulo II, na cidade de Lublin, na Polónia e cujo tema foi precisamente
as Romarias de São Miguel.
Conforme afirma em declarações ao
Açoriano Oriental o presidente do grupo coordenador do Movimento de
Romeiros de São Miguel, João Carlos Leite, “para nós é uma alegria muito
grande” poder contar no Retiro com o bispo recém-entrado na diocese, D.
Armando Esteves Domingues, “uma pessoa muito aberta, muito culta e
preocupada com o envolvimento nas comunidades”.
João Carlos Leite recorda que a presença do bispo de Angra no retiro dos Romeiros de São Miguel já tem algumas décadas, remontando ao tempo de D. Aurélio Granada Escudeiro, sendo que inclusivamente o seu sucessor, D. António Sousa Braga “nunca faltou a um retiro” nos anos em que foi bispo de Angra.
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