Autor: Lusa/AO Online
"Esta decisão é conhecida do Governo português há mais de dois anos, em novembro de 2012 o governo americano anunciou redução generalizada de forças na Europa e que também o faria em Portugal, o que levou imediatamente o ministro Paulo Portas [então responsável pelos Negócios Estrangeiros] a anunciar que seriam canalizados fundos estruturais para apoio da região", observou o deputado do PS Marcos Perestrello.
Numa audição conjunta das comissões de Negócios Estrangeiros e Defesa, o socialista Miranda Calha questionou ainda os ministros Rui Machete e Aguiar-Branco sobre qual será a estratégia do Governo português na próxima reunião bilateral em Washington, advertindo que o primeiro-ministro, Passos Coelho, foi o único a não receber pessoalmente em 2013 o então secretário da Defesa do Estados Unidos, Leon Panetta, quando este "se despedia dos seus congéneres europeus".
"O senhor Leon Panetta foi recebido por todos os primeiros-ministros à exceção de Portugal, é uma coisa interessante no bom relacionamento com os Estados Unidos, a relação com os Estados Unidos é o eixo essencial da nossa política externa", referiu, a propósito da visita do norte-americano, que foi recebido pelos responsáveis da Defesa e Negócios Estrangeiros.
"Sabemos que há um programa apresentado pelos Açores [para a Terceira], o que é que vamos integrar nesse programa, isso é que eu gostava de saber (...) o que vamos apresentar em Washington?", interrogou Júlio Miranda Calha.
O também vice-presidente da Assembleia da República acusou o Governo de nos últimos dois anos ter "descansado no Congresso americano", enquanto a redução do efetivo militar norte-americano era negociada.
Já a deputada do PCP Carla Cruz caracterizou a intervenção dos governantes como "uma mão cheia de nada" e reveladora de que o executivo optou por "nada fazer durante dois anos".
"O que ouvimos sempre aqui dizer é que estão a tentar mitigar o impacto [da redução], mas não há nada de concreto, o senhor ministro fez uma intervenção muito longa mas, de concreto, nada disse", afirmou a comunista, dirigindo-se a Rui Machete.
A deputada do BE Mariana Aiveca defendeu a importância de ser adotado um "plano de emergência para acorrer à situação em que se encontra a população" da Terceira e que os Estados Unidos concedam "as respetivas compensações que devem" pela redução militar.
A bloquista opôs-se à ideia de "tentar convencer os Estados Unidos" a deixarem as Lajes como "uma base adormecida para utilizarem quando quiserem".
Na resposta ao PS, José Pedro Aguiar-Branco respondeu que a visita de Panetta a Lisboa "sofreu alterações de data" várias vezes e "quando aconteceu só houve possibilidade de agenda do ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa".
"Não houve possibilidade de agenda quer do senhor Presidente da República, quer do senhor primeiro-ministro, mas isso não foi sentido, nem dito, nem teve nenhum efeito, às vezes estas coisas acontecem", afirmou o governante.
Na audição, José Pedro Aguiar-Branco afirmou várias vezes que a intenção do Governo neste processo passa por "mitigar o impacto" da redução norte-americana.
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