Açoriano Oriental
Mundial2022
O mar não isola a desilusão da ilha do Corvo pela eliminação de Portugal

Na ilha do Corvo, um dos territórios mais periféricos da Europa, onde o mar não isola a paixão pela seleção portuguesa de futebol, sofreu-se até ao final e lamentou-se a falta de sorte após a eliminação do Mundial2022.

O mar não isola a desilusão da ilha do Corvo pela eliminação de Portugal

Autor: Lusa /AO Online

Nem o forte temporal que está a assolar a ilha mais pequena dos Açores (com menos de 400 habitantes) demoveu os corvinos de se juntarem para acompanhar o jogo decisivo de Portugal frente a Marrocos, que terminou com a derrota da equipa lusa por 1-0.

O bar dos bombeiros (BBC café), tal como em outras partidas da seleção durante o Mundial2022, transformou-se em mais uma bancada de uma ‘claque’ à seleção portuguesa, expresso pela bandeira gigante de Portugal, estendida por debaixo da tela de transmissão.

Paulo Custódio, vestindo uma camisola da seleção, foi um dos adeptos que mais sofreu até ao final da partida. No final do encontro, lamentou a falta de sorte do conjunto orientado por Fernando Santos.

“A seleção esteve a um nível bom, mas não conseguimos marcar porque não tivemos uma ponta de sorte. Foi isso que faltou. Tivemos uma bola na barra e várias oportunidades para marcar”, afirmou à agência Lusa, não escondendo a tristeza pela eliminação.

Portugal perdeu hoje com Marrocos nos quartos de final do Mundial2022, com um golo de Youssef En Nesyri, aos 42 minutos.

“É uma grande desilusão para nós, corvinos, que temos apoiado sempre a seleção. É complicado. O nosso coração ficou apertado até ao final”, acrescentou Paulo Custódio.

Também Ana Ambrósio manifestou a “grande desilusão” no final do encontro, considerando que Portugal “tinha de ter outra responsabilidade” no jogo diante dos marroquinos.

“É uma grande desilusão. Isso é triste. Tínhamos equipa para fazer mais. Tivemos muita falta de sorte”, apontou.

Visivelmente aborrecido pela derrota, Nuno Toste defendeu que não foi apenas a falta de sorte que ditou a eliminação lusa do Mundial, condenando a estratégia adotada.

“A equipa de Marrocos jogou mais defensivamente e em contra-ataque. Nós não conseguimos lidar com isso. Faltou velocidade no jogo. Ser eliminado é uma grande desilusão. É o último Mundial do Ronaldo e temos grandes jogadores”, considerou.

No final, era notória a desilusão na expressão dos corvinos. Uns criticaram o selecionador Fernando Santos, outros visaram a arbitragem e existiu quem lamentasse a falta de eficácia.

João Machado, por outro lado, preferiu apontar ao futuro, realçando a juventude da atual seleção das ‘quinas’.

“Tivemos falta de sorte. Não conseguimos concretizar várias oportunidades. A eliminação claro que é um rude golpe. É uma desilusão. Mas temos muito jogadores jovens. Esta é uma geração que nos dá esperança para o futuro”, sinalizou.

Mais abaixo do bar dos bombeiros, num outro restaurante, os membros do Governo dos Açores juntaram-se para assistir à partida, uma vez que o Executivo está a realizar uma visita estatutária à ilha do Corvo.

No final, o presidente do Governo Regional, em declarações à Lusa, foi o porta-voz da desilusão açoriana.

“A desilusão pelo resultado e também uma deceção quanto à equipa inicial. Penso que o selecionador devia ter sido mais proativo com uma equipa que marcasse e depois controlasse o jogo”, declarou José Manuel Bolieiro.

O líder do Executivo açoriano, na pele de adepto, e comentador, elogiou a qualidade dos jogadores lusos e defendeu a mudança no comando técnico da seleção.

“Temos um número significativo de excelentes jogadores. Não fomos capazes de formar uma excelente equipa para este mundial. Findo este mundial, com relativo insucesso, creio ser oportuno mudar [de selecionador]. Não é um juízo pelo resultado, mas uma perspetiva de futuro para esta geração de jogadores”, considerou.

Após o apito final, a exibição de Portugal continuou a marcar as conversas dos corvinos. A deceção era o sentimento geral: a ultraperiferia não mitiga a desilusão.


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