Açoriano Oriental
Novo protocolo vai impedir que endereços únicos dos computadores se esgotem em 2010
Os endereços que identificam os computadores na Internet, ou Internet Protocol (IP), estão a esgotar-se e é urgente adoptar novas regras, que Portugal terá a funcionar até ao fim de 2008, numa transição transparente para o utilizador.

Autor: Lusa/ AO
Quando a Internet foi "inventada" na década de 70, as quatro mil milhões de combinações dos actuais endereços IP, que são compostos por quatro conjuntos de números separados por pontos, eram suficientes para a utilização, num protocolo denominado IPv4, explicou à Lusa o presidente da Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN), Pedro Veiga.

    Mas, hoje em dia, com a multiplicação de aparelhos que os utilizadores ligam à Internet, para os quais é necessária uma identificação única, torna-se urgente integrar a navegação neste novo padrão protocolar, denominado IPv6 e apelidado de Internet de nova geração.

    "Em meados da década de 90 começou a achar-se que isto era uma grande limitação e desenvolveu-se um novo protocolo, que é o IPv6, que ultrapassa o problema e permite endereços muito maiores", explicou Pedro Veiga.

    No mundo existem seis mil milhões de pessoas, se todas tivessem um computador não haveria endereços únicos para cada um deles, exemplificou o mesmo responsável.

    Esta nova versão de protocolo para a Internet permite um número muito maior de combinações para identificação e estima-se que "nos próximos 100 a 200 anos não vai haver qualquer tipo de problema", disse Pedro Veiga.

    Para o utilizador a mudança é transparente, porque não interfere com o endereço que costuma escrever no navegador de Internet do computador.

    O único problema que pode eventualmente existir para os utilizadores, a partir de 2010, é não conseguir ligar novos equipamentos, se a migração não tiver sido feita.

    "Por exemplo, em casa um utilizador não poderia ligar à Internet vários equipamentos ao mesmo tempo por escassez de endereços", disse Pedro Veiga.

    A FCCN é entidade responsável pelo acompanhamento desta migração, um esforço a nível mundial, e tem vindo a preparar o terreno para acelerar a sua aplicação a nível nacional, conforme delineado pela Comissão Europeia, que esboçou as linhas mestras de implementação da Internet de nova geração para os Estados-membros.

    A entidade que regula a Internet em Portugal promoveu um encontro esta semana com universidades e politécnicos demonstrando a urgência da migração antecipada e estabeleceu como objectivo que no fim de 2008 todos os servidores de correio electrónico e de Internet já tenham possibilidade de suportar o actual IPv4 e o novo IPv6.

    Com esta iniciativa, a FCCN procura contribuir para que estas instituições de ensino superior liderem o movimento nacional de adopção do IPv6.

    Esta migração resolve a problemática da falta de endereços a partir de 2010, mas também se introduziram novas características no protocolo, nomeadamente na área da segurança.

    "Segurança, mobilidade e auto-configuração" são as novas características deste protocolo, que facilitam a gestão das redes do ponto de vista técnico, explicou Pedro Veiga.

    A tendência é para adiar a aplicação do novo protocolo, mas Pedro Veiga advertiu que assim "não haverá tempo para fazer uma migração pensada e razoável".

    O mesmo responsável adiantou que há uma série de entidades internacionais que já estão preparadas para a mudança, incluindo o departamento de Defesa dos Estados Unidos, que anunciou há dois anos que até ao fim de 2008 tem todas as suas redes migradas para IPv6.

    Para aplicar este protocolo o investimento "é praticamente humano", explicou Pedro Veiga, e no caso de ter equipamentos de rede mais antigos, que não suportam o novo protocolo, será necessário substituir.
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