Autor: Lusa/Ao online
"Nenhum pescador usava colete, é uma situação que tem de ser vista. É incompreensível num navio a sair a barra e naquelas condições de mar [agitado]", disse à agência Lusa Rui Amado.
Presente na praia do Cabedelo, situada junto ao local do naufrágio e questionado sobre o assunto dos coletes salva-vidas, José Festas, da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar, disse não conseguir perceber o que aconteceu.
"Não estou a dizer que não deviam usar colete salva-vidas. Mas se o estivessem a usar, se calhar, com o barco a virar, teriam morrido mais [tripulantes], porque com o colete vestido é muito difícil mergulhar", sublinhou.
José Festas aludiu ainda às condições de entrada e saída da barra da Figueira da Foz, após as obras de prolongamento do molhe norte, que lhe deram uma nova orientação (sul-sudoeste) e que obriga, de acordo com o comandante do Porto, a uma "nova forma" de entrar e sair.
"A nova barra foi feita para os navios. Hoje, os barcos de pesca saem completamente de lado, com o vento a dar a saída e entrada está mais perigosa", afirmou José Festas.
As buscas dos três desaparecidos da embarcação Jesus dos Navegantes foram retomadas ao início da manhã, para já, no mar, apenas com recurso à corveta Baptista de Andrade, já que as condições adversas que se fazem sentir não permitem a utilização do salva-vidas da Marinha e outras embarcações da capitania do Porto da Figueira da Foz, adiantou.
A corveta, que começou a operar ao largo da Figueira da Foz ao nascer do dia, deslocou-se, entretanto, à zona do cabo Mondego - a norte do local do naufrágio - para recolher uma balsa que se presume pertencer à embarcação naufragada, indicou Rui Amado.
A barra do porto comercial que estava fechada a toda a navegação foi entretanto reaberta, embora condicionada a embarcações superiores a 35 metros, continuando por aferir o local exato onde o Jesus dos Navegantes está localizado.
Rui Amado precisou que a embarcação naufragou "a 200 metros da barra, precisamente a sul", num local onde a profundidade é de "cerca de 15 a 20 metros", sustentou.
Desde a reabertura da barra, pelo menos três cargueiros já deixaram o porto da Figueira da Foz, tendo um entrado, constatou a Lusa no local.
O comandante do Porto vai começar hoje a ouvir os quatro tripulantes que foram resgatados com vida nomeadamente o mestre da embarcação, para aferir o que aconteceu na altura do naufrágio.
Um quinto tripulante, o ferido mais grave do naufrágio - um homem de 48 anos, que sofreu uma paragem cardiorespiratória e foi reanimado e estabilizado no hospital da Figueira da Foz, antes de ser transferido para os Hospitais da Universidade de Coimbra - estava, ao início da madrugada de hoje, com prognóstico muito reservado, informou aquela unidade de saúde.
Na praia do Cabedelo está a decorrer a última prova do Circuito de Surf do Norte, mas a competição, segundo a autoridade marítima, não interfere com as buscas dos três pescadores desaparecidos.