Autor: AO Online/ Lusa
“Os responsáveis por este ato hediondo devem ser identificados e levados à justiça", realçaram, na nota, os chefes da diplomacia dos dois países, o francês Jean-Yves Le Drian e o alemão Heiko Maas.
A França e a Alemanha já tinham pedido a Moscovo para que esclarecesse este caso, que está a causar polémica na Europa e a gerar novas tensões com os russos, noticia a agência France-Presse.
Paris e Berlim elevaram hoje o tom de protesto, enquanto a Rússia permanece passiva perante as recriminações ocidentais, satisfeita por exibir um crescente “ceticismo” sobre o caso de envenenamento.
Segundo os ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países, o ataque a figuras da oposição “infelizmente não é um ato isolado”.
Os diplomatas denunciaram ainda o alegado recurso ao químico Novichok, um agente de “qualidade militar” proibido pelas convenções internacionais sobre armas químicas.
Os dois países garantem ainda que vão entrar em contacto com a Organização para a Interdição das Armas Químicas (OPCW) sobre "o acompanhamento a ser dado a este evento" e "se necessário, procurar o apoio desta organização".
“Este ataque constitui um ataque muito sério aos princípios elementares da democracia e do pluralismo político", defendem.
Os dois ministros exigem que as autoridades russas "possam garantir as condições de expressão dos direitos civis e políticos da população russa".
Principal opositor do Presidente russo, Vladimir Putin, conhecido pelas investigações anticorrupção a membros da elite russa, Alexei Navalny, 44 anos, está internado, em coma, desde 20 de agosto.
O político sentiu-se mal durante um voo de regresso a Moscovo, após uma deslocação à Sibéria. Foi primeiro internado num hospital de Omsk, na Sibéria, tendo sido transferido, posteriormente, para o hospital universitário Charité, em Berlim.
O Novichok integra um grupo particularmente perigoso de agentes neurotóxicos russos que foram proibidos, em 2019, pela OPCW.
A conceção deste tipo de agente neurotóxico por cientistas soviéticos remonta aos anos de 1970 e 1980, as últimas décadas da Guerra Fria.