Açoriano Oriental
Moçambique
Morreu filho mais velho de Joaquim Chissano
O filho mais velho do ex-Presidente de Moçambique Joaquim Chissano, Nyimpine Chissano, morreu hoje de madrugada em Maputo, noticiou a imprensa local.

Autor: Lusa / AO online
De acordo com a mesma fonte, Nyimpine Chissano, 37 anos, terá morrido de problemas cardíacos na sua residência, em Maputo.
Pouco dado a declarações aos jornais, por, segundo ele, não querer ser figura pública "nem fazer parte do governo", pouco se sabe de Nyimpine Chissano, a não ser que frequentou cursos académicos nos Estados Unidos e que era casado com a actriz Cândida Cossa.
O nome de Nyimpine Chissano, considerado o "enfant terrible" da família do ex-Chefe de Estado, foi, no entanto, falado nos últimos anos no âmbito do julgamento da morte do jornalista Carlos Cardoso, director do jornal Metical, assassinado a tiro num bairro diplomático de Maputo a 22 de Novembro de 2000.
Nos meses anteriores, as notícias por si publicadas sobre o desaparecimento, em 1996, de 14 milhões de dólares em subsídios para a privatização de um dos maiores bancos comerciais do país provocaram um autêntico terramoto político.
As notícias conduziram a inquéritos parlamentares e, eventualmente, forçaram o presidente Chissano a demitir o procurador-geral e seis importantes membros do governo, em Março de 2000.
No dia 31 de Janeiro de 2003, seis pessoas foram condenadas a penas que vão de 23 a 28 anos de prisão pelo assassínio de Carlos Cardoso mas, durante o processo, três dos incriminados acusaram o filho mais velho do ex-Presidente da República de ser o verdadeiro mandante do assassínio do jornalista, alegação que Nyimpine Chissano sempre negou.
Manuel Fernandes, o "Escurinho", Carlitos Rachide, o "Calu" e Momede Satar, o "Nini" apontaram Nyimpine como mandante do crime e como a pessoa que ordenou os pagamentos a Aníbal Santos Júnior, o "Anibalzinho" - alegadamente o "cérebro" da operação que levou ao assassínio do jornalista.
Nascido na Tanzânia, durante a guerrilha que a FRELIMO moveu contra o regime colonial português, o primeiro filho de Joaquim e Marcelina Chissano foi baptizado em homenagem a esses tempos, com um nome que na língua changana, a etnia do pai, significa "na guerra".
Depois de uma infância normal, o alegado mau feitio de Nympine começou a manifestar-se logo no início da vida adulta, com notícias menos edificantes a seu respeito, como o caso de ter partido uma máquina de escrever numa esquadra da capital, após uma discussão com polícias, devido a um problema de trânsito.
O episódio foi divulgado pelo jornal Metical, altura dirigido e propriedade do jornalista Carlos Cardoso, e terá sido aí que começou a animosidade no relacionamento entre o jornalista e o filho mais velho do então presidente da República.
Numa biografia sobre Carlos Cardoso, escrita pelos jornalistas Paul Fauvet e Marcelo Mosse, refere-se que o director do Metical instruiu os seus repórteres para não ouvirem Nyimpine Chissano, devido ao seu carácter arrogante e prepotente.
Para muitos, a hostilidade entre Carlos Cardoso e Nyimpine Chissano ficou confirmada, quando este, em 2002, afirmou em tribunal que as notícias de Cardoso fizeram mal à sua família e ao seu filho que ainda nem tinha nascido.
Nessa sessão do tribunal, Nyimpine Chissano depôs como declarante, após alguns réus o acusarem como mandante do assassínio do jornalista, o que levou à abertura do processo autónomo de que resultou a presente acusação.
Para a opinião pública, também caiu mal o facto do primogénito de Joaquim Chissano ter usado o termo "coitado" para se referir a um réu que o acusou directamente de ter pago a morte de Carlos Cardoso.
Ao mesmo tempo que se envolvia na polémica da morte do jornalista moçambicano, Nympine começou igualmente a atrair as atenções pelo seu estilo de vida de empresário próspero.
A situação chegou mesmo ao parlamento com a RENAMO, oposição, a interpelar Joaquim Chissano sobre a origem dos sinais de riqueza supostamente ostentados pelo seu filho.
"O meu filho é um empresário de sucesso", respondeu nessa sessão o ex-presidente da República, Joaquim Chissano, dando motivos para que alguns jornais passassem a usar essa expressão para se referirem ironicamente a Nympine.
Outra designação utilizada pelos jornais, "o filho do galo", valeu ao Savana ter sido "inundado", em Setembro de 2002, com 340 aves de capoeira que mão anónima colocou nas suas instalações.
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