Açoriano Oriental
Morreu a fadista Natércia Maria, a cantora de "Sardinheiras" e "Ruas do Porto"
A fadista Natércia Maria, 68 anos, morreu esta segunda-feira, no Porto, vítima de doença prolongada, disse à Lusa fonte familiar.

Autor: Lusa/AO Online

 

Natércia Maria Carvalho de Andrade nasceu na freguesia de Massarelos, no Porto, em 1945, e iniciou-se no fado ainda na infância, como se lê na sua biografia, disponibilizada pelo Museu do Fado na Internet, que destaca "Ruas do Porto" e "Aquela Cidade" entre os sucessos da cantora.

Em 1963, aos 18 anos, Natércia Maria participou no concurso Cantiga da Rua, da antiga Só Rádio do Porto, conquistando o primeiro lugar para a categoria de fado. Foi o primeiro de vários prémios obtidos na fase inicial da sua carreira, em concursos quase sempre organizados no Palácio de Cristal, no Porto.

“Sardinheiras”, do repertório de Amália Rodrigues, foi uma das primeiras canções de Natércia Maria, e também um dos primeiros fados que gravou em disco, em 1964.

Foi nesta data que Natércia Maria iniciou a carreira profissional, somando atuações na antiga Emissora Nacional, e em espetáculos da ex Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT, atual Inatel), a que se seguiriam participações em programas da Rádio Renascença e para os estúdios da RTP Porto.

“Fados de Sempre”, disco editado pela etiqueta Orfeu, em 1964, marcou a sua estreia em disco, com as canções “Lisboa não sejas francesa”, de José Galhardo e Raul Ferrão, “Estranha forma de vida”, de Amália Rodrigues e Alfredo Marceneiro, “Fui ao baile”, de Amadeu do Vale e Fernando Carvalho, e “Sardinheiras”, de Linhares Barbosa e Fernando Freitas.

Dois anos mais tarde, em 1966, na editora Alvorada, iniciou uma série de gravações com temas que a notabilizaram como “Porto à Noite”, de José Guimarães e Resende Dias, “Xaile fadista”, de Vitorino de Sousa e Resende Dias, “Fado da Solidão”, de Nelson de Barros e Frederico Valério, ou “Xaile Franjado”, de Domingos Gonçalves Costa.

Durante as cinco décadas seguintes, segundo a biografia do Museu do Fado, o trabalho de Natércia Maria traduziu-se em discos lançados por editoras como a Clave, a RCA ou a CBS, passou por programas de televisão como Zip Zip, Piano Bar, TV Cor, Os Anos Não Contam ou, mais recentemente, Portugal no Coração, e ainda por concertos em todo o país.

Natércia Maria também fez parte do Trio Boreal, com quem gravou um disco de música popular portuguesa.

Entre as digressões internacionais de Natércia Maria, a biografia publicada pelo Museu do Fado destaca a presença no Brasil, em 1986, com concertos no Rio de Janeiro, São Paulo e em programas de televisão, além de atuações em Espanha, França, Alemanha e, em 1988, no Logan Hall, em Londres.

Em 1997, a Casa da Imprensa atribuiu-lhe o prémio Carreira.

Os concertos no casino da Figueira da Foz, em 2007 e 2008, e no espetáculo de homenagem a Fernanda Baptista, no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, em 2008, contam-se entre as suas últimas atuações ao vivo da fadista.

O último disco de Natércia Maria, “Gritos de Alma”, data de 2009. Na gravação é acompanhada por Armindo Fernandes, na guitarra portuguesa, por Jorge Sena, na viola, e Alberto de Almeida, no contrabaixo.

“Vidro Partido”, “Sentido Proibido”, “Ruas do Porto”, “Aquela Cidade” ou “Mulher no Palco” contam-se entre os maiores êxitos dos quase 50 anos de carreira da cantora.

O funeral de Natércia Maria realiza-se terça-feira, com missa de corpo presente, às 15:00, na Igreja dos Carmelitas, no Porto, partindo depois para o Cemitério de Agramonte, disse à Lusa um familiar próximo da fadista.

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