Autor: Lusa/AO Online
Eleito em 24 de janeiro de 2016, tomou posse em 09 de março e fez a sua primeira mensagem aos portugueses, através da televisão, em 01 de janeiro de 2017, e que durou menos de oito minutos.
Com o Governo minoritário do PS, e com o apoio da esquerda, há pouco mais de um ano no poder, Marcelo Rebelo de Sousa descreveu 2016 como o ano da “gestão imediata”, em que foram dados “pequenos passos” e desejou que 2017 tivesse mais “crescimento económico”.
"2016 foi o ano da gestão do imediato, da estabilização política e da preocupação com o rigor financeiro. 2017 tem de ser o ano da gestão a prazo e da definição e execução de uma estratégia de crescimento económico sustentado. Aprendendo a lição de que, no essencial, tivemos sucesso quando nos unimos", disse.
No primeiro dia do ano, Marcelo Rebelo de Sousa assinalou a indesmentível “estabilidade social e política”, salientando o acordo sobre o salário mínimo ou ainda a aceitação de dois Orçamentos do Estado pela União Europeia e a compensação a alguns dos mais atingidos pela crise.
"Quer isto dizer que demos passos - pequenos que sejam - para corrigir injustiças e criámos um clima menos tenso, menos dividido, menos negativo cá dentro e uma imagem mais confiável lá fora, afastando o espetro da crise política iminente, de fracasso financeiro, de instabilidade social que, para muitos, era inevitável. Tudo isto foi obra nossa - nossa, de todos os portugueses. No entanto, ficou muito por fazer", sublinhou.
As mensagens de Ano Novo têm servido, para um Presidente da República que fala aos jornalistas quase diariamente, para lançar alertas ao Governo e outros atores políticos e sociais, a exemplo do que fizeram os seus antecessores em democracia, no pós-25 de Abril de 1974.
E a de 2017 não foi exceção, ao salientar que “ficou muito por fazer”.
O Presidente fez um “balanço positivo” do ano que tinha passado, mas lamentou o crescimento económico “tardio e insuficiente”, os cortes de financiamento em “domínios sociais”, a dívida pública “muito elevada” e a justiça lenta.
“O caminho para 2017 é muito simples - não perder o que de bom houve em 2016 e corrigir o que falhou no ano passado. Não perder estabilidade política, paz e concertação, rigor financeiro, cumprimento de compromissos externos, maior justiça social, formação aberta ao mundo, proximidade entre poder e povo”, defendeu.
O ano de 2017 foi marcado pelos grandes incêndios florestais, em junho e outubro, que fizeram mais de 100 mortos, centenas de feridos e milhões de euros de prejuízos, no interior do país.
Foram acontecimentos que puseram o Presidente a percorrer a zonas atingidas, pressionando a resolução dos problemas das famílias afetadas, o que o levou a dizer que aquele tinha sido um ano “estranho e contraditório”, “povoado de reconfortantes alegrias e de profundas tristezas”.
Se o ano tivesse acabado em 16 de junho, tudo estaria bem, afirmou, mas “um outro ano, bem diverso, se somou ao primeiro, a partir de 17 de junho”, dia dos grandes incêndios de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria.
"O passado bem recente serve para apelar a que, no que falhou em 2017, se demonstre o mesmo empenho revelado no que nele conheceu êxito. Exigindo a coragem de reinventarmos o futuro", afirmou.
Os indicadores da economia e das finanças públicas foram positivos, “como se de um sonho impossível se tratasse”, admitiu.
Mas, esse sucesso aconselhou o ex-comentador político, também a colocar “fasquias mais altas no combate à pobreza, às desigualdades, ao acesso e funcionamento dos sistemas sociais e aconselhando prudência no futuro”.
Mudanças que Marcelo Rebelo de Sousa admitiu terem começado no “ciclo político anterior”, do Governo PSD/CDS-PP, e foram confirmadas com a solução política atual que “tão grandes apreensões e desconfianças havia suscitado”, “cá dentro e lá fora”.
Mais uma vez, a mensagem de Ano Novo foi curta, durando oito minutos, e o chefe de Estado optou por fazê-la a partir da sua casa de Cascais, arredores de Lisboa, ainda a convalescer de uma intervenção cirúrgica.
E para o ano que nesse dia começava, o Presidente sugeriu que fosse “o ano da reinvenção”.