Autor: Olímpia Granada
Em causa estava uma proposta de alteração da bancada social democrata (inviabilizada) no sentido de desafectar verbas (6 ME) previstas no Orçamento para o Centro de Arte Contemporânea na Ribeira Grande e por forma a financiar um reforço de cooperação financeira com os municípios no montante de 5,5 ME.
Perante esta proposta e considerando que o Centro de Arte Contemporânea é co-financiado pela União Europeia, o vice-presidente do Governo, Sérgio Àvila, quis saber se o PSD tinha calculado o impacto dos fundos comunitários que se iriam perder, caso a obra não seja executada.
"O PSD não admite esse tipo de dúvidas, da seriedade das suas propostas", comentou o presidente do Grupo Parlamentar social democrata, António Soares Marinho.
Na ausência da resposta pretendida, o presidente do Governo Regional, Carlos César, fez uso da palavra: "O senhor responde que não «admito que ponha em causa a minha seriedade?!» Tem que responder é qual é o montante", acrescentando que “um grupo parlamentar com as responsabilidades do PSD confessa-se absolutamente ignorante sobre o impacto financeiro das propostas que apresenta de alteração do Plano e do Orçamento da Região”
Soares Marinho retorquiu que César estava a "fazer teatro" e questionou, por sua vez, se o presidente do Governo "sabe quanto é que vai falhar durante o ano de 2011".
Ora, por esta altura, o presidente do Grupo Parlamentar do CDS, Artur Lima, fez também uso da palavra para advogar o direitos dos partidos a uma resposta do PSD, por forma a poderem votar a proposta. Marinho não gostou e reagiu considerando Lima um actor secundário da peça de teatro de César, ao que o líder centrista reagiu de imediato: "Antes secundário [...] a favor dos açorianos" do que pretender ser "actor principal e cair do palco".
A dura troca de impressões marcou a primeira parte da maratona nocturna de votações na especialidade, com quase duas centenas de propostas alterações, sendo 130 da autoria da representação parlamentar do PPM, e com Carlos César a aproveitar a oportunidade para, uma vez mais, acusar o PSD de não fazer o trabalho de casa, afastando assim do PS o ónus da inviabilização das propostas sociais democratas.
Mais tarde, e já por volta das 02h30 da madrugada desta sexta-feira, o deputado social democrata Cláudio Lopes recuperou o assunto para garantir que o PSD tinha consciência do impacto da sua proposta, ou seja, a possibilidade das câmaras perderem mais de 73 ME de fundos comunitários, com efeito reprodutivo nos respectivos concelhos.