"Implementaremos uma despesa orçamental estratégica para proteger a vida da população e construir uma economia sólida", afirmou a primeira-ministra em declarações televisivas, depois de o Gabinete ter dado "luz verde" ao pacote.
Além de medidas de alívio para a inflação a curto prazo, Takaichi revelou que o novo Executivo japonês planeia impulsionar o investimento em setores-chave como a construção naval e a inteligência artificial, investimentos estratégicos que visam fortalecer o crescimento da quarta maior economia mundial.
A governante, que assumiu o cargo há um mês e é conhecida por sua postura favorável a uma política expansionista, comprometeu-se a priorizar a adoção de medidas para amenizar o impacto da inflação persistente no país asiático num contexto de estagnação dos salários reais.
O índice de preços ao consumidor (IPC) do Japão subiu 3% em outubro, revelou hoje o Governo japonês, continuando acima da meta de 2% do Banco do Japão (BoJ) e mantendo o contexto para um aumento das taxas.
Os dados estatísticos chegam depois do governador do BoJ, Kazuo Ueda, insistir na passada terça-feira, durante a primeira reunião com Takaichi, na importância da inflação atingir os 2%.
O banco central do Japão aumentou as taxas de juro de referência pela última vez em janeiro passado para 0,5%, o terceiro aumento em um ano, que pôs fim a mais de uma década de taxas baixas com as quais o banco central japonês tentou tirar o país de um longo ciclo deflacionário.
Este o ciclo de normalização foi, porém, interrompido enquanto o BoJ avalia detalhadamente o impacto das tarifas dos EUA e o impacto do projeto de estímulo económico, que Takaichi acaba de anunciar.
"O que o Japão deve fazer agora não é enfraquecer a sua força nacional com medidas de austeridade excessivas, mas reforçar o seu poder nacional com políticas orçamentais proativas", afirmou hoje Takaichi. A declaração deverá ecoar na sala do gabinete de política do BoJ.
"Ao mesmo tempo que promovemos uma economia forte e aumentamos a taxa de crescimento, reduziremos o rácio dívida pública/PIB, alcançaremos a sustentabilidade orçamental e garantiremos a confiança do mercado", acrescentou a governante.
Além de medidas de alívio para a inflação a curto prazo, Takaichi revelou que o novo Executivo japonês planeia impulsionar o investimento em setores-chave, como a construção naval e a inteligência artificial, investimentos estratégicos que visam fortalecer o crescimento economia.
Para financiar o pacote, o Executivo de Takaichi planeia elaborar um orçamento suplementar de 17,7 biliões de ienes (97,5 mil milhões de euros) para o ano fiscal em curso, que encerrará no final de março de 2026, e que marca o maior montante de estímulos económicos desde a pandemia do coronavírus.
Espera-se que o volume total do pacote, somando os gastos dos governos locais e do setor privado, ultrapasse os 42 biliões de ienes (231,5 mil milhões de euros), de acordo com a agência de notícias local Kyodo, um aumento de 7,7% em relação ao valor do ano anterior.
O novo pacote de estímulos inclui medidas destinadas a sustentar a economia perante da preocupação de que a agressiva política tarifária dos Estados Unidos prejudique tanto as empresas quanto os particulares e, consequentemente, o investimento corporativo e o consumo interno, pilar do PIB japonês.
As fontes de financiamento provirão do aumento das receitas tributárias e não tributárias, e qualquer défice será coberto com a emissão de títulos dogoverno.
O Executivo japonês pretende aprovar o orçamento antes do encerramento da atual sessão extraordinária da Dieta, o Parlamento nacional, em 17 de dezembro.
Se aprovado, o orçamento suplementar será 27% superior ao aprovado no ano fiscal anterior pelo ex-primeiro-ministro Shigeru Ishiba, que renunciou em setembro.
As perspetivas de um pacote de estímulo económico em grande escala como o apresentado hoje provocaram uma acentuada desvalorização do iene e dos títulos do Estado japonês desde a chegada ao poder de Takaichi, que também não exclui a possibilidade de intervenção no mercado monetário.
"Uma vez elaborado o orçamento suplementar, prevê-se que o montante dos títulos emitidos seja inferior ao do ano passado após a sua aprovação, e a sustentabilidade fiscal foi plenamente considerada", disse.
