Açoriano Oriental
Iranianos Nasrin Sotoudeh e Jafar Panahi vencem Prémio Sakharov
Os iranianos Nasrin Sotoudeh e Jafar Panahi são os vencedores da edição de 2012 do Prémio Sakharov, anunciou esta sexta-feira o presidente do Parlamento Europeu, Martin Shultz, em Estrasburgo, França.
Iranianos Nasrin Sotoudeh e Jafar Panahi vencem Prémio Sakharov

Autor: Lusa/AO online

Os presidentes dos grupos parlamentares do Parlamento, reunidos hoje à margem da sessão plenária em Estrasburgo, escolheram "por unanimidade" os dois ativistas e opositores iranianos, precisou Martin Schulz.

"São um homem e uma mulher que lutaram pela liberdade de expressão e pelos direitos civis e não se deram por vencidos apesar das intimidações do regime iraniano", sublinhou Schulz.

"Queremos exprimir a nossa admiração por uma mulher e um homem que resistem à intimidação de que são vítimas os iranianos", explicou, por seu lado, um parlamentar social-democrata alemão.

A atribuição deste prémio deve ser interpretada como "um não muito claro ao regime iraniano" que "não respeita quaisquer liberdades fundamentais", acrescentou.

Nasrin Sotoudeh é advogada e defensora dos direitos humanos e representou ativistas da oposição presos e delinquentes juvenis condenados à pena de morte.

Jafar Panahi é realizador, argumentista e editor e o primeiro iraniano a receber um prémio no Festival de Cinema de Cannes. Os seus filmes abordam recorrentemente as dificuldades das crianças, dos pobres e das mulheres no Irão.

Nasrin Sotoudeh e Jafar Panahi, detidos pelo regime iraniano, representam uma candidatura conjunta.

Os dois iranianos foram escolhidos para o prémio de 50 mil euros de uma lista de três finalistas que incluía ainda o ativista bielorrusso Ales Bialiatski, que está preso, e três elementos da banda punk russa Pussy Riot, condenadas a dois anos de trabalhos forçados por terem feito uma "oração" anti-Putin numa igreja em Moscovo.

Nasrin Sotoudeh, 47 anos, oriunda da classe média iraniana, é uma das principais defensoras dos Direitos Humanos no Irão, onde foi condenada em janeiro de 2011 a 11 anos de prisão e a 20 de interdição de exercer como advogada.

Sobre ela recaem acusações de ter agido "contra a segurança nacional" e ter feito ações de "propaganda contra o regime", duas acusações usadas frequentemente pela justiça iraniana para condenar os opositores.

Foi igualmente condenada por pertencer ao Centro de Defensores de Direitos Humanos do prémio Nobel da Pax Shirin Ebadi, atualmente no exílio.

Depois de terminar os estudos na prestigiada universidade Shahid Beheshti, de Teerão, Nasrin Sotoudeh lutou durante anos até conseguir o direito de exercer advocacia em 2000.

Dedicou-se à defesa de jovens condenados à morte por crimes cometidos enquanto menores e a partir de 2009 empenhou-se na defesa de numerosos opositores ao regime de Teerão, presos durante as manifestações de protesto contra a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad.

Detida desde agosto de 2010 na prisão de Evin, norte de Teerão, onde estão vários presos políticos, fez duas greves de fome em protesto pelas condições de detenção e por ter sido proibida de ver os filhos de três e 11 anos.

Nasrin Sotoudeh foi considerada "prisioneira por delito de opinião" pela Amnistia Internacional e recebeu o apoio de várias personalidades, nomeadamente da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.

O cineasta Jafar Panahi, 52 anos, conhecido pelas suas sátiras, é dos realizadores da "nova vaga" iraniana mais conhecidos no estrangeiro, tendo sido distinguido nos maiores festivais de cinema.

Em finais de 2010, foi condenado a seis anos de prisão e 20 de interdição de filmar, viajar ou expressar-se, apesar da mobilização internacional a seu favor.

O prémio anualmente atribuído pelo Parlamento Europeu será entregue em Estrasburgo, a 12 de dezembro.

Nelson Mandela e o dissidente soviético Anatoly Marchenko (a título póstumo) foram os primeiros galardoados, em 1988.

Em 2011, a distinção foi atribuída a intervenientes da "primavera árabe".

Em 1999, o prémio Sakharov foi entregue a Xanana Gusmão (T

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