Açoriano Oriental
Investigadores de Coimbra criam "robô dentista"
Uma equipa de investigadores de Coimbra está a desenvolver um "robô dentista", com o objectivo de tornar os implantes dentários mais baratos, mais resistentes e com maior conforto para os pacientes.

Autor: Lusa/AOonline
“Os implantes dentários são muito caros - dois dentes podem chegar aos dez mil euros -, e morosos, e a pós-instalação é muito longa e dolorosa, o paciente pode demorar mais de um ano a ‘largar’ o dentista”, disse hoje à Lusa Norberto Pires, um dos investigadores envolvidos.

    O projecto encontra-se em fase de conclusão e foi trabalhado durante três anos por cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e do Instituto Biomédico de Investigação da Luz e da Imagem - Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (IBILI-FMUC).

    O objectivo, acrescentou o docente da FCTUC, não é um robô que substitua o dentista, mas “tornar os implantes dentários mais acessíveis” à população em geral e “reduzir o desconforto no paciente”.

    Os investigadores acreditam que, ao optimizarem o processo de colocação dos implantes dentários, os custos possam ser reduzidos para metade.

    O sistema robótico simula e monitoriza todo o processo, ao imitar os procedimentos do médico-dentista, de forma a encontrar a optimização dos modelos.

    “Ganha-se em custos, em tempo e, se tivermos de fazer quatro furos em vez de seis, a recuperação é também menos dolorosa”, considerou Maria Filomena Botelho, do IBILI-FMUC, outra das investigadoras envolvidas no projecto.

    Em fase de utilização experimental, no Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Coimbra, o “robô” realizou testes em peças anatómicas (de cadáveres) e num modelo de uma mandíbula em material equivalente ao osso, criado a partir de um TAC a peças reais.

    O “robô dentista” está dotado de sensores de força e utiliza um mecanismo óptico (foto-elastómetro) que regista os movimentos e esforços utilizados na mastigação, antecipando o desconforto nos pacientes, as tensões provocadas no material, a vida útil do implante e os danos originados.

    “Não há intervenção humana nenhuma, são seleccionadas as melhores geometrias, colocam-se os dentes e simula-se a mastigação”, disse Norberto Pires, sublinhando tratar-se de “um processo total de simulação de geometrias” que pode revelar-se numa “boa indicação para os médicos-dentistas”.

    Norberto Pires afirma que é a primeira vez que se realiza em Portugal um estudo sistemático de colocação de implantes dentários.

    “O que os médicos-dentistas fazem é testar com os pacientes, não arriscando muito, e, dessa forma, vão vendo o que corre mal, partilhando depois as ideias técnicas em congressos”, referiu o investigador da FCTUC.

    Os cientistas esperam concluir a investigação em Maio do próximo ano, com a elaboração de um Guia de Boas Práticas para a Aplicação de Implantes Dentários.

    A investigação conta com o apoio de dois médicos-dentistas, alunos de mestrado.
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