Açoriano Oriental
Instituto Açoriano de Cultura inaugura exposição "Arbórea"

Dia 27 de maio, pelas 18h, será inaugurada a exposição Arbórea, de Sandra Rocha e Inês Arbórea, na galeria do Instituto Açoriano de Cultura.

Instituto Açoriano de Cultura inaugura exposição "Arbórea"

Autor: AO Online

Sandra começou a fotografar a Inês há mais de uma década. O primeiro retrato deste projeto foi realizado em 2010 numa festa de aniversário de um familiar comum. Inês olha para a câmara e parece não querer ser vista nem fotografada. Leva no cabelo uma pluma, denunciando o seu novo mundo. Seguiram-se outros encontros ao longo destes últimos anos e da pluma do cabelo passamos à tatuagem de um pássaro impregnado na pele.

 

Sandra assistiu à metamorfose de Inês. Uma mesma vida, em corpos díspares. Ontem, ainda menina (como no primeiro retrato); hoje, mulher. Arbórea. Vida. Morte e regeneração. Através do seu trabalho artístico Inês partilha connosco parte da sua magia, oferece-nos paz, investe no seu processo de cura, que ganha forma em figuras disformes e felizes – um mundo onírico que não é mais do que a estratégia encontrada para superar as suas cicatrizes. Para a Inês todos os seres são únicos e especiais, como as suas personagens.

 

Denunciando um incómodo onde, num primeiro olhar, apenas vemos beleza e harmonia, o trabalho de ambas é sobre a resistência dos corpos à condição a que os remetem: em Inês, o desfigurado e a fragilidade dos suportes; em Sandra, o tempo como metáfora e os cenários e as poses dos modelos, estratégias que ambas utilizam para nos dar imagens encenadas de uma humanidade feminina consciente da sua condição de perigo, impenetrável ao voyeurismo erótico masculino, absolutamente indisponível para ceder o seu lugar.


Sandra Rocha nasceu em Angra do Heroísmo (1974). A sua formação fotográfica começa em 1996 no Ar.CO e depois no jornal A Capital, onde é fotojornalista de 1999 a 2003. Neste mesmo ano co-funda o coletivo de fotógrafos [Kameraphoto], no qual desenvolve, até à sua saída em 2011, dezenas de projetos individuais e coletivos. Licenciada em História da Arte pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em 2008 conclui uma pós-graduação em Arte Contemporânea e integra o grupo Criação e Criatividade artística da Fundação Calouste Gulbenkian, onde se cruza com tutores de renome: Timm Rautert, Lynne Cohen, Carol Squiers, Olivier Richon, David Campany, Horácio Fernandez, Rosangela Rennó, Sérgio Mah, entre outros.


Nos últimos anos tem desenvolvido uma fotografia de abordagem artística mais poética. Globalmente, as imagens oferecem universos de água, são habitadas por jovens imberbes, animais singulares e paisagens estranhas. Rondam a noção do absurdo, a ideia de que não há sentido a ser encontrado no mundo para além do significado que lhe damos. Denunciando um incómodo onde, num primeiro olhar apenas vemos beleza e harmonia, o trabalho é, em sentido amplo, sobre a falta de significado, a amoralidade e a injustiça do mundo.


Sandra Rocha tem privilegiado o livro como suporte de apresentação. Tem publicadas as seguintes monografias: Dérive des Baigneuses (Filigranes 2017); La Vie Immédiate, (LOCO 2017); Le Silence des Sirènes, (LOCO 2016); Anticyclone (Auto Edição, 2015); Há Metafísica Bastante em não Pensar em Nada (CML, 2009).

O seu trabalho está representado em diversas coleções públicas, entre outras: Centro Nacional de Artes Plásticas (CNAP) e Fundos Municipais de Arte Contemporânea (FMAC) em França; Coleção de Arte da Região da Cantábria e Museu de Arte Contemporânea de Santander em Espanha; Coleção de Arte do Principado de Andorra; Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), Novo Banco, Casa Museu Fernando Pessoa, Instituto Açoriano de Cultura, Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas, Museu de Angra do Heroísmo, em Portugal.

 

Inês Costa e Silva é uma artista plástica que nasceu em 1996 nos Açores, na ilha Terceira, lugar onde vive. A inspiração artística de Inês provém da sua relação permanente com o mundo natural e vivo, uma proximidade intensa que se expressa de forma fantástica e eclética, nomeadamente, em trabalhos desenvolvidos a partir de diferentes técnicas artísticas como o desenho, a ilustração, os têxteis, a cerâmica, a pintura, a carpintaria, a fotografia e o vídeo.



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