Açoriano Oriental
Ilustrador André Letria vence Prémio Nacional da Bienal de Ilustração de Guimarães

O autor português André Letria foi este sábado distinguido com o Prémio Nacional BIG, atribuído pela Bienal de Ilustração de Guimarães (BIG) com as ilustrações do livro "A Guerra", foi hoje anunciado.


Autor: AO Online/ Lusa

André Letria recebe um prémio monetário de cinco mil euros pelas ilustrações do livro "A Guerra", com texto de José Jorge Letria, editado em 2018 pela Pato Lógico e que soma mais de uma dezena de distinções portuguesas e estrangeiras.

Em comunicado, a BIG justificou a atribuição do prémio “pela maturidade e originalidade dos trabalhos apresentados a concurso, cuja força do conjunto revela enorme capacidade de síntese, sábio uso das metáforas e elevado domínio da técnica e do conteúdo”.

Por seu lado, o Prémio BIG Revelação, com um valor de 1.000 euros, foi atribuído a Inês Machado “cuja proposta se distingue pela coerência gráfica do conjunto e pela sofisticação da utilização da cor e da composição”, adiantou o mesmo comunicado.

A BIG destacou ainda os cinco prémios BIG Aquisição, “a António Jorge Gonçalves, Gonçalo Viana, Maria João Worm, Mariana Rio e Nicolau, destinado à criação de um acervo municipal de ilustração portuguesa contemporânea, com base nos seguintes critérios: diversidade e qualidade das obras e cuidado na apresentação”.

O ilustrador André Letria era um dos candidatos ao Prémio Nacional ao lado de nomes como Gonçalo Viana, André Carrilho, Cristina Sampaio, Evelina Oliveira, Nicolau, Júlio Dolbeth, Maria João Worm, Daniel Lima e Catarina Sobral.

As obras dos ilustradores selecionados para o Prémio Nacional BIG integram uma exposição coletiva que inaugurou hoje e ficará patente no Palácio Vila Flor até 31 de dezembro, quando encerrar a bienal.

O júri do Prémio Nacional integrou os autores João Fazenda e Jorge Nesbitt e a diretora editorial da Kalandraka Portugal, Margarida Noronha.

Em entrevista à agência Lusa, André Letria explicou que "A Guerra" é um livro que convoca o leitor sobre totalitarismos, sede controlo e de poder.

No livro está representado "alguém que tem desejos de domínio total, um retrato que pode ser aplicado a figuras dos anos 1930, mas também àquilo que vemos que acontece na Europa de leste, na Hungria na Polónia", alertou.

Por isso, entende que "A Guerra" - destinado a todos os leitores -, é contra o esquecimento.

"Estamos a distrair-nos e a desistir de aprofundar coisas, de investigar, de querer saber a origem dos assuntos, dos conflitos e dos problemas que nos afetam", sublinhou André Letria.

Este é um fim de semana de dupla premiação para André Letria, já que também foi distinguido com o Prémio Nacional de Ilustração também por causa de "A Guerra". O autor receberá o prémio no domingo numa cerimónia no âmbito do Fólio - Festival Literário Internacional de Óbidos.

A BIG é uma iniciativa da Câmara Municipal de Guimarães, com um programa de exposições, oficinas e palestras espalhadas pela cidade, focadas apenas na ilustração nacional e com o intuito não só de mostrar "o lado lúdico da ilustração ao público, mas fazer pontes com a educação", como afirmou o diretor, Tiago Manuel, à agência Lusa.

Além dos prémios hoje revelados, a organização já tinha anunciado a atribuição do prémio carreira ao designer Jorge Silva, cujo trabalho é apresentado na exposição "As sete vidas do senhor Silva", no Centro Internacional das Artes José de Guimarães.

Tiago Manuel entende que iniciativas como a BIG pretendem "criar estímulos" e ser uma montra para o trabalho profissional dos ilustradores portugueses. "Quanto mais acontecimentos, melhor. Quantidade gera qualidade".

"A minha preocupação, enquanto diretor, é ajudar a criar um acontecimento voltado para os artistas portugueses. O mercado é amplo [em termos de edição e criação], mas muito reduzido para os autores", afirmou Tiago Manuel, sustentando que o país não tem capacidade para absorver as dezenas de ilustradores, desenhadores e criadores que anualmente concluem estudos.

A BIG integra ainda uma exposição dedicada a João Fazenda, que venceu o Prémio Nacional em 2017, no Centro para os Assuntos da Arte e Arquitetura, e outra organizada por António Gonçalves dedicada aos surrealistas.

Está ainda previsto um ciclo de palestras - "A teia da ilustração" - com Pedro Moura, António Gonçalves e Isabel Baraona.


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