Açoriano Oriental
Horta aceita ficar com estruturas militares, mas exige que o Estado ajude na recuperação
Dez anos após o encerramento do Quartel do Carmo, na cidade da Horta, nos Açores, o município ainda não acordou com o Ministério da Defesa Nacional os termos da cedência daquela estrutura militar.
Horta aceita ficar com estruturas militares, mas exige que o Estado ajude na recuperação

Autor: Lusa/AO Online

"Nós não estamos interessados na compra, apenas na cedência do imóvel", disse à Lusa José Leonardo Silva, presidente da Câmara Municipal da Horta, acrescentando já ter dado conta dessa intenção à secretária de Estado da Defesa, Berta Cabral, durante uma deslocação recente à ilha do Faial.

O autarca socialista entende, ainda assim, que o Estado "não deve apenas ceder" às autarquias o património militar desativado na última década em vários pontos do país, mas "deve também contribuir para a sua recuperação".

"Caso contrário, o Ministério da Defesa Nacional estaria apenas a empurrar os seus problemas, neste caso, patrimoniais, para as mãos dos municípios, muitos dos quais não têm capacidade financeira para os recuperar".

Em causa está o Quartel do Carmo, que foi adaptado, no século XX, para acolher a Companhia de Infantaria da Horta, embora a sua construção inicial tenha tido origem em 1652, na altura para funcionar como Convento da Ordem dos Carmelitas.

Além desse imóvel, situado junto à Igreja do Carmo, estão também devolutas três outras fortificações militares, situadas nas extremidades da cidade da Horta, que foram utilizadas como meios de defesa durante a II Guerra Mundial: o Forte da Espalamaca, a norte, a Bateria do Monte Carneiro, ao centro, e o Forte da Guia, a sul.27

O primeiro foi construído no morro da Espalamaca, em 1941, com a função de defesa do porto da Horta e do canal entre as ilhas do Faial e do Pico, que eram locais de ancoragem e trânsito de embarcações aliadas.

Em cooperação com a bateria de artilharia de costa do Monte da Guia, e com a Bateria Antiaérea do Monte Carneiro, o Forte da Espalamaca desempenhou um importante papel de proteção da cidade e dos navios que aqui aportavam.

Desativadas em 1970, algumas destas estruturas militares integraram, em 2002, a lista do património que o Estado colocou à venda, com o intuito de captar receitas, embora nenhuma delas tenha chegado a ir a hasta pública.

São estas estruturas militares que a Câmara Municipal da Horta pretende agora recuperar e transformar em espaços museológicos, que permitam contar aos mais novos e aos turistas, a importância histórica que a cidade teve no passado, em termos militares e estratégicos.

"As negociações ainda estão a decorrer, mas acredito que possamos chegar a um entendimento", adiantou José Leonardo Silva, que entende que a Horta tem condições para oferecer um roteiro turístico relevante nesta área.

O autarca faialense recorda, com saudade, os tempos em que a Horta acolhia militares do exército de várias ilhas da Região, para o cumprimento do serviço militar obrigatório, que chegou ao fim há precisamente dez anos.

Desde então, as fortificações existentes no Faial foram votadas ao abandono e a presença militar na ilha ficou reduzida a um pequeno contingente de soldados, apenas com objetivos de prevenção.

José Leonardo Silva entende, ainda assim, que o Faial não tem menos segurança, por via desta redução do contingente militar, mas lembra que nos tempos do serviço militar obrigatório, a cidade da Horta tinha "mais movimento e mais vida" do que agora.

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