Açoriano Oriental
Há seis meses Costa garantia estabilidade, mas Cavaco continuava com dúvidas
Em novembro, quando tomou posse como primeiro-ministro, António Costa prometia uma ação moderada do Governo e manifestava confiança na solidariedade da maioria parlamentar que o sustentava, perante um Presidente com dúvidas sobre a estabilidade e durabilidade do executivo.
Há seis meses Costa garantia estabilidade, mas Cavaco continuava com dúvidas

Autor: Lusa/AO Online

 

Passavam dois minutos das 16:00 do dia 26 de novembro quando o secretário-geral do PS assumiu o compromisso de honra de cumprir "com lealdade" as funções de chefia do XXI Governo Constitucional, 53 dias depois das eleições legislativas e 15 dias após o derrube do executivo PSD/CDS-PP na Assembleia da República pelos socialistas, BE, PCP, PEV e PAN, através da aprovação de uma moção de rejeição.

No discurso da posse, António Costa prometeu que o seu Governo teria uma ação moderada, defendendo ser "tempo de reunião" e não de radicalização.

"Este é o tempo da reunião. Não é de crispação que Portugal carece, mas sim de serenidade. Não é altura de salgar as feridas, mas sim de sará-las", declarou, num apelo à pacificação da vida política nacional, depois da crise política desencadeada pela queda do Governo liderado por Pedro Passos Coelho.

Defendendo que Portugal não progride "com radicalizações" e prometendo que "a conduta do XXI Governo pautar-se-á pela moderação", o primeiro-ministro adiantou que o programa do executivo seria uma "alternativa à vertigem austeritária", mas "uma alternativa realista, cuidadosa e prudente".

Falando já depois do então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, António Costa referiu que o seu Governo seria de "garantia", numa alusão às dúvidas sobre o respeito pelos compromissos europeus e internacionais assumidos pelo Estado Português, e disse estar "confiante" na solidariedade da maioria parlamentar que o suporta.

"Que não fique a mínima dúvida: Este é um governo confiante. Confiante, antes de mais, no seu projeto mobilizador do país e na solidariedade da maioria parlamentar que lhe manifestou apoio e lhe confere inteira legitimidade", frisou, lembrando ainda que é perante a Assembleia da República que o executivo responde politicamente.

Antes de António Costa, num discurso menos confiante, o então chefe de Estado admitia continuar com dúvidas nos acordos subscritos pelo PS, BE, PCP e PEV quanto à estabilidade política e durabilidade do Governo.

"Os referidos documentos são omissos quanto a alguns pontos essenciais à estabilidade política e à durabilidade do Governo, suscitando questões que, apesar dos esforços desenvolvidos, não foram totalmente dissipadas", disse, sublinhando que o XXI Governo Constitucional resultava de "uma solução inédita" na democracia portuguesa e que, dos acordos assinados pelos partidos, não resultava de forma inteiramente clara "a garantia de durabilidade no horizonte temporal da legislatura".

A alguns quilómetros do Palácio da Ajuda, onde decorreu a tomada de posse, Marcelo Rebelo de Sousa assinalava o início de um novo ciclo.

"Entendo que hoje se virou uma página. Terminou um ciclo político no Governo e na Presidência da República", disse o então candidato a Belém, que três meses depois estaria ele próprio a tomar posse como Presidente da República.

Na altura, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou a necessidade de não se prolongar o clima de crise política, defendendo que os portugueses querem "é ver resolvidos os seus problemas concretos".

"Os portugueses querem é que o Governo governe", argumentou.

Passados seis meses, já como Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa parece apostado em não provocar instabilidade, pelo menos no ciclo político que vai até às autárquicas, que se realizam no outono de 2017.

"Desiludam-se aqueles que pensam que o Presidente da República vai dar um passo sequer para provocar instabilidade neste ciclo que vai até às autárquicas. Depois das autárquicas, veremos o que é que se passa. Mas o ideal para Portugal, neste momento, é que o governo dure e tenha sucesso", afirmou esta terça-feira.

O Governo vai assinalar os seis meses de mandato com um Conselho de Ministros na quinta-feira, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, e que contará com a presença dos ministros e secretários de Estado do XXI Governo Constitucional.

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