Açoriano Oriental
Há mais dentistas portugueses a trabalhar no estrangeiro e piores condições para os que ficam no país
O número de dentistas portugueses a exercer no estrangeiro está a aumentar, situando-se nos 12 por cento, enquanto os que continuam em Portugal têm cada vez menos horas de trabalho ocupadas, revela um inquérito promovido pela Ordem dos Dentistas.
Há mais dentistas portugueses a trabalhar no estrangeiro e piores condições para os que ficam no país

Autor: Lusa/AO Online

Com base em cerca de 2.900 respostas de um universo de 7.400 dentistas, o questionário realizado em setembro e outubro deste ano mostra ainda um aumento do número de profissionais que não estão a exercer a profissão, que se situa nos 5,6 por cento.

Os dados, que vão ser divulgados no Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas que começa na quinta-feira no Porto, foram antecipados à agência Lusa pelo bastonário, Orlando Monteiro da Silva, que assume que a crise já chegou à medicina dentária.

“Temos a perceção de que há um aumento significativo do número de médicos dentistas a exercer no estrangeiro, apesar de no último inquérito, em 2010, não contemplar ainda esta questão”, referiu Monteiro da Silva.

A dificuldade em encontrar emprego em Portugal e os melhores salários oferecidos noutros países são os principais motivos apontados para a emigração destes profissionais, com o Reino Unido a ser o destino mais procurado.

“O Reino Unido tem vindo a abrir o seu serviço nacional de saúde à medicina dentária. Acresce ainda que na Europa do Norte e Centro há falta de médicos dentistas”, justificou o bastonário.

Dos que ficam em Portugal, as dificuldades encontradas para exercer a profissão estão a crescer: o tempo de inserção no mercado de trabalho é cada vez maior e trabalha-se cada vez menos horas.

“De 2010 para 2012 a situação profissional dos médicos dentistas agravou-se substancialmente, afetando particularmente os mais jovens e os que estão a exercer a profissão há menos tempo”, sintetizou à Lusa Orlando Monteiro da Silva.

Aliás, no inquérito elaborado pela Universidade do Porto, os mais jovens são os que “têm uma probabilidade significativamente maior” de não exercer a profissão, contribuindo para engrossar os 5,6% de dentistas que estão sem trabalhar.

Interpretando os dados do inquérito, o bastonário não tem dúvidas em fazer uma ligação entre a deterioração das condições laborais com a crise económica e financeira, sublinhando que o cenário da profissão tem piorado desde 2010.

Em termos de saúde oral, estes resultados significam também que os portugueses estão a ir menos ao dentista e que vão apenas para procedimentos simples ou em casos de urgência, evitando tratamentos que implicam maior investimento.

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