Governo admite abandonar medida do endividamento zero

Região terá de recorrer a um endividamento de 150 ME em 2025 se a República não aceder à revisão do modelo de cálculo da receita do IVA. Necessidades de financiamento visam a execução dos fundos do PRR nos Açores



O secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades, Paulo Estêvão, revelou que, em 2025, a Região Autónoma dos Açores terá de se financiar em 150 milhões de euros (ME) junto da banca para conseguir executar com sucesso os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e do programa Açores 2030.

Na apresentação das linhas orientadoras da proposta de Plano e Orçamento da Região para o próximo ano, que decorreu ontem no Palácio da Conceição, em Ponta Delgada, o governante admitiu assim a necessidade de abandonar a política do endividamento zero, caso o Governo Regional não consiga aumentar as receitas fiscais no arquipélago.

Paulo Estêvão avançou, no entanto, que já estão a decorrer as negociações com o Governo da República para que seja revisto “ainda este ano” o modelo de cálculo do IVA que, de acordo com as contas do executivo regional, significará um “incremento de receita que superará os 150 ME”.

Em declarações aos jornalistas, o governante explicou que está em causa um modelo de apuramento da receita do IVA, aplicado desde a troika, que além do fator de “capitação direta”, em que a receita do deste imposto é distribuída consoante a “percentagem que a população açoriana representava no todo nacional”, contempla também “o fator do diferencial fiscal entre os Açores e o continente”.

“Cada vez que diminuímos a pressão fiscal para que seja possível fomentar o crescimento económico e aliviar as famílias dos Açores, isto significa uma diminuição das transferências do Estado para a Região Autónoma dos Açores. Ora, pretendemos que, ainda este ano, este modelo seja revisto, o que significará um incremento de receita que superará os 150 milhões de euros”, argumentou.

O secretário regional admitiu que, “se este resultado não for obtido, vamos proceder ao endividamento de 150 ME que é absolutamente essencial para que se execute o PRR e o Açores 2030”, justificou, constatando ainda que “não tem vindo a ser esta a política adotada pelo executivo, mas é essencial que este ano, tendo em conta os cálculos que fizemos, contrair esse endividamento se não conseguirmos alterar esta matéria”.

Na apresentação, Paulo Estêvão adiantou ainda que a proposta de Orçamento da Região para 2025 atinge os 1913 ME, enquanto o Plano ronda os 818 ME, tendo como “grandes prioridades” a execução do PRR e do programa Açores 2030, assim como a recuperação do HDES e a promoção de mais investimento.

O secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades avançou que, no próximo ano, o Governo Regional pretende manter a Tarifa Açores e o diferencial fiscal de 30%, uma opção que o executivo considera que tem sido decisiva na dinamização da economia do arquipélago e na ajuda às famílias, apesar da “perda de receita que irá ocasionar para os cofres da Região”.

A anteproposta de Plano e Orçamento para 2025 já seguiu para apreciação dos conselhos de ilha, devendo o documento final ser entregue no parlamento regional até 30 de outubro. A apreciação e votação está prevista para a última semana de novembro.


Reforço de 50 ME para Saúde e 20 ME para Educação em 2025

A proposta de Plano e Orçamento dos Açores para 2025 prevê um reforço das verbas alocadas aos setores da Saúde e da Educação, na ordem dos 50 e dos 20 milhões de euros (ME), respetivamente.

O anúncio foi feito ontem no Palácio da Conceição, em Ponta Delgada, pelo secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades que abordou o “esforço muito, muito significativo” dos Governo Regional nestas duas áreas.

“Na Saúde, vamos reforçar com mais 50 milhões de euros do que no ano passado”, revelou Paulo Estêvão, justificando o incremento de verbas com “as necessidades do setor que são crescentes e também com o HDES e o investimento que é preciso fazer a esse nível”.

Além do HDES, “já estamos a prever o aumento da remuneração de médicos, enfermeiros e restante pessoal de Saúde, que decorre também da alteração legislativa a nível nacional”, apontou, realçando ainda a necessidade de resposta “mais célere” ao pagamento dos fornecedores”.

“É um esforço muito, muito significativo que também tem a ver com o combate à suborçamentação que tem sido cíclico no setor da Saúde”, salientou.

Quanto à Educação no arquipélago, o reforço de verbas previsto no orçamento para o próximo ano será de 20 ME para fazer face ao “aumento da remuneração com a progressão na carreira dos docentes, tendo em conta a recuperação do tempo de serviço”, disse Paulo Estêvão.
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