Açoriano Oriental
Furnense vende infusão de marijuana no Canadá

Virgínia Vidal está emigrada há 35 anos e esteve no Dragon’s Den a tentar captar investimento para a sua empresa que vende ‘chá’ de canábis no Canadá e quer também fazê-lo nos e através dos Açores


Autor: Miguel Bettencourt Mota

O canal público canadiano CBC News exibe, esta quinta-feira, o episódio em que a furnense Virgínia Vidal tenta provar aos seis multimilionários do programa Dragon’s Den que investirem o seu dinheiro na ‘Mary ‘s Wellness’ - a empresa de que é proprietária e que tem como ‘produto-estrela’ uma infusão de canábis -  é uma boa ideia e lhes trará retorno.

Virgínia Vidal nasceu na freguesia das Furnas em 1970 e com treze anos emigrou com a família para o Canadá, país onde se viria a tornar uma séria ativista pela legalização da marijuana.

Em entrevista ao jornal Açoriano Oriental, contou que se juntou ao movimento quando, depois de estar a braços com uma complicada gravidez de trigémeos, “descobriu o canábis” como analgésico alternativo àqueles que são habitualmente prescritos.  

E como correu a audição no Dragon’s Den? “Há que esperar pelo programa para ver”, respondeu-nos a empresária de 47 anos, adiantando apenas que a ideia colheu “apreciações positivas” junto de alguns dos ‘dragões’ que compõem o painel de investidores.

Portanto, fica, para já, no ar se os argumentos apresentados por Virgínia Vidal terão sido suficientes para convencer Vincent Guzzo, Michele Romanow, Manjit Minhas, Lane Merriefield, Jim Treliving e Arlene Dickinson. De qualquer forma, e independentemente daquele que se revelar o resultado da audição, a furnense já acredita no valor da empresa e no potencial terapêutico dos seus produtos.

“A maioria dos nossos consumidores relata uma sensação de relaxamento, bem-estar, calma e alívio muscular, mas o que saúdam mais são as melhorias ao nível do sono”, deu conta.

A empresária micaelense indicou ainda que aqueles que compram a infusão de canábis da ‘Mary’s Wellness’ situam-se numa faixa etária acima dos 25 anos e referiu que o fazem, maioritariamente, pelos seus benefícios em termos de saúde.

“Com o ‘chá’ e restantes bebidas da Mary’s as pessoas podem medicar-se em qualquer sítio sem terem que emanar o intenso fumo do [cigarro de] canábis”, sublinhou Virgínia, que já se defendeu a si própria por duas vezes em tribunal por alegada posse ilegal de marijuana, tendo sido “ilibada de todas as acusações”.
“Há produtores interessados em investir nos Açores”

Pese embora o facto de na Região, tal como no restante país, a lei não permitir a comercialização da marijuana, nem mesmo o seu auto cultivo, a empresária nascida nas Furnas diz que há “produtores e investidores interessados” em fazer uso do potencial do arquipélago para o desenvolvimento da planta e, consequentemente, para a criação de produtos derivados com fins medicinais.

Virgínia Vidal referiu igualmente que está nos objetivos da sua empresa estabelecer parcerias com as fábricas de chá micaelenses e vender a infusão de canábis nos e a partir dos Açores, na eventualidade de o atual contexto legal se alterar.

A emigrante açoriana considera, entretanto, que o Governo dos Açores deveria posicionar-se de forma diferente sobre a matéria e olhar para os efeitos positivos que a legalização poderá representar para os tecidos económico e social da Região.

A proprietária da ‘Mary’s Wellness’ defende que esta é uma aposta que pode significar mais “empregos para a população açoriana” e representar “um “crescimento enorme” para aquela que é a sua economia.

Como disse, “o governo açoriano deve reconhecer não apenas os benefícios para a saúde da canábis, mas também os económicos”.

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