Açoriano Oriental
Frente de Libertação dos Açores promete honrar legado deixado por líder falecido
A Frente de Libertação dos Açores disse que a morte do seu líder, José de Almeida, é uma perda para todo o arquipélago, que lhe deve "a pouca autonomia" que possui, prometendo honrar o seu legado.

Autor: Lusa/AO Online

 

O líder histórico da Frente de Libertação dos Açores (FLA) e dos independentistas da região, José de Almeida, morreu hoje, aos 79 anos, em Ponta Delgada, vítima de doença prolongada, disse à Lusa um dos seus filhos.

"É uma perda, não só para a FLA, como para os Açores. A pouca autonomia que temos, a ele a devemos", declarou à Lusa o dirigente do movimento independentista Álvaro Lemos.

Lembrando José de Almeida como um "grande amigo dos seus amigos" e um "grande líder", Álvaro Lemos sublinhou que este "lutou sempre pelos Açores", deixando "um legado de grande responsabilidade, que a FLA vai continuar".

Álvaro Lemos afirmou que houve outros protagonistas no processo que conduziu à autonomia política dos Açores, na sequência do 25 de abril de 1974, mas José de Almeida "foi o protagonista número um", a que a História começa a fazer justiça.

Lembrando que a luta da FLA foi e continua a ser pela independência dos Açores, não pela autonomia, Álvaro Lemos garantiu que o movimento prosseguirá essa luta.

Os Açores só resolverão "o seu problema" com a independência, "não contra Portugal, mas com Portugal", afirmou, sublinhando que a FLA e os independentistas açorianos não têm nada contra "o povo português" ou contra o país.

Álvaro Lemos garantiu ainda que a FLA "tem cada vez mais adeptos", refletindo o "estado de espírito dos açorianos" perante a crise política que Portugal vive.

O funeral de José de Almeida realiza-se na próxima quarta-feira, às 10:00 locais (11:00 em Lisboa), na Igreja de Nossa Senhora das Mercês, nos Bairros Novos, Ponta Delgada, segundo a FLA.

Fundada a 08 de abril de 1975, a FLA reivindicou desde sempre a separação dos Açores do resto do país, mas perdeu visibilidade ao longo da década de 1980.

Em 2012, José de Almeida reiterou a ideia de que a FLA pretende uma “independência negociada” e “não violenta” para os Açores, apontando Portugal e os Estados Unidos como parceiros privilegiados no processo e que “independência não é isolacionismo”.

Apesar de doente, José de Almeida manteve até ao final da sua vida o seu ativismo público em defesa da independência dos Açores.

Na sua última intervenção pública, a 06 de junho passado, afirmou que "a luta pela independência vai continuar a ser um caminho".

No mesmo dia, José de Almeida admitiu que a FLA se sentiu "traída neste percurso".

"Nós tivemos traidores, gente que sabotou o raciocínio dos açorianos a caminho da independência", declarou, assegurando que "há gente que sabe o que quer e que sabe que o melhor para os Açores é a independência".

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