Açoriano Oriental
Freguesia de São Roque faz contas aos prejuízos num clima de luto
A freguesia de São Roque, em Ponta Delgada, uma das mais afetadas pelo mau tempo de segunda-feira nos Açores, faz hoje conta aos prejuízos, após várias horas de sobressalto, num clima de luto pela morte de um homem.
Freguesia de São Roque faz contas aos prejuízos num clima de luto

Autor: Lusa/AO Online

 

“Há gente que ficou sem nada. Ninguém conseguiu dormir esta noite. Vivemos um susto de morte”, disse à Lusa Susana Mendeiros, moradora em São Roque, freguesia urbana de Ponta Delgada, enquanto conversava com outros populares, acrescentando que “está toda a gente de luto pela morte do João”.

A agitação marítima que assolou na segunda-feira o arquipélago dos Açores causou a morte a um trabalhador da Junta de S. Roque, de 51 anos, que foi apanhado por uma onda quando procedia a trabalhos de auxílio à população.

“Tenho muita pena, pois era bom colega”, disse Eduardo Melo, emocionado, relatando que na segunda-feira também arriscou a vida para ajudar a população da freguesia da ilha de São Miguel.

Para Eduardo Melo, os prejuízos “vão ser grandes”, pois “muitas casas ficaram inundadas, assim como a cave dos CTT e a Junta de Freguesia perdeu duas carrinhas”.

O presidente da Junta, Pedro Moura, adiantou à Lusa que “os prejuízos ainda estão por calcular” e, apesar das ações de limpeza “terem começado de manhã cedo, foram entretanto suspensas devido à chuva” que voltou a cair com intensidade.

Pedro Moura referiu que a avenida do Mar, invadida por pedras, troncos e areia arrastados pelo mar, continua encerrada ao trânsito, alertando para a necessidade de “muita cautela”.

Hoje, a freguesia procura voltar à normalidade, embora o temporal tenha deixado tristeza nos rostos de quem se cruza pela freguesia e colocado as bandeiras a meia haste nos edifícios públicos e de coletividades pela vítima mortal.

“Apesar de a minha casa estar bem, dormi muito pouco. Há gente que perdeu tudo. Houve casas com meio metro de água dentro, que foi tirada com baldes”, afirmou outro morador, adivinhando um Natal “bem triste” para os habitantes.

Susana Mendeiros acrescentou que, ano após ano, em dezembro, São Roque é fustigado pelo que a sabedoria popular chama de “furacão de Nossa Senhora da Conceição”.

“Há todos os anos, mas não tão forte como este”, garantiu a moradora, há muito conformada com as adversidades típicas do inverno açoriano.

Hoje, o grupo oriental (ilhas de São Miguel e Santa Maria) do arquipélago está sob aviso amarelo para chuva e trovoada, que vigora até às 24:00 (hora de Lisboa).

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) colocou ainda estas duas ilhas sob aviso amarelo para vento a partir das 18:00 de hoje até às 06:00 de quarta-feira.

Já o grupo central, constituído pelas ilhas de São Jorge, Faial, Terceira, Graciosa e Pico, está também sob aviso amarelo para chuva até às 24:00, tendo o mesmo aviso para trovoada mas até às 12:00.

O aviso amarelo é o segundo menos grave de uma escala de quatro, representando situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.

 

 

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