Açoriano Oriental
“Faz parte do DNA açoriano querer regressar e fazer alguma coisa pela região”, diz Duarte Pimentel

O diretor do Terinov – Parque de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira, falava à margem do segundo workshop do promovido pela nova infraestrutura situada no antigo pólo da Universidade dos Açores e que deverá ser oficialmente inaugurada no decorrer do mês de abril.



Autor: Tatiana Ourique / AO Online


Creative Tech foi como se chamou o encontro que decorreu na passada sexta feira em Angra do Heroísmo. O Workshp contou com cerca de 30 participantes e juntou diversas áreas empresariais. Entre os oradores estiveram alguns empresários terceirenses que pretendem instalar-se no Terinov.

Cultura, criatividade, tecnologia, empreendedorismo e indústria estiveram nas bases das 8 intervenções. A sessão arrancou com a abertura de Duarte Pimentel que garantiu que o parque de ciência e tecnologia estaria de portas abertas a todas as novas ideias de negócio.

Samuel Valente, jovem engenheiro informático lajense abriu a manhã e apresentou a Purpled, uma empresa de conteúdos web, criada em 2013 em resposta às necessidades do mercado. O jovem disse ao Açoriano Oriental que estes encontros fazem falta aos empresários instalados para trocar ideias e irem evoluindo e enriquecendo o seu percurso. “Neste momento criamos uma nova marca, a “Bridal Office” em que criamos convites, menus,sitting plans e todo o design gráfico para casamentos.” Apesar de saber que trabalha com clientes muito exigentes, o jovem empresário garante que quando corre bem o “passa a palavra” é a melhor publicidade e a exposição do negócio a centenas de pessoas tem sido uma boa montra para o seu trabalho. “Não é uma ideia inovadora. É só um modelo de negócio quase inexistente na Terceira e, como tal, vimos nele uma oportunidade”. O engenheiro informático garante que sempre quis voltar aos Açores depois do curso na Universidade do Minho e que, à data, e sem conhecimento ou orientação, foi mais difícil arrancar com a Purpled. Atualmente o jovem alia o trabalho na função pública com a empresa e admite que não é fácil mas reconhece que aos 29 ainda tem energia para conciliar tudo.

A manhã seguiu com a apresentação da IDEASTATION por Luís Nunes. A empresa localizada em São Miguel já tem extensão internacional mas pretende, agora, contratar uma equipa na ilha Terceira com enfoque na área da engenharia informática.

Gustavo Lima de 34 anos e Vanessa Canto de 29 são dois jovens terceirenses a residir no Porto. Ele tem formação em Gestão de Serviços de Saúde. Ela formou-se em economia e, paralelamente, em dança. Finda a licenciatura decidiu rumar a Nova Iorque para aprofundar estudos em dança, área onde agora dá formação. Juntaram “know how” e criaram a plataforma “MOOT – The Movement Lab” que pretende disponibilizar planos de treino para bailarinos. Foi uma ideia que surgiu de uma necessidade da jovem quando se deslocava a zonas mais periféricas para dar formação e depois sentia que não conseguia dar continuidade no acompanhamento “Cheguei a criar grupos de Facebook mas depois ficavam para lá perdidos na imensidão de grupos e páginas e a ligação aos alunos ia-se diluindo”. A plataforma pretende ter vídeos de planos de treinos específicos e personalizados para cada utilizador. A MOOT- The Movement Lab está atualmente incubada no UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto mas o objetivo dos jovens da Praia da Vitória “É retornar e trazer a plataforma também para os Açores uma vez que o objetivo dela é precisamente ser utilizada nas zonas periféricas. Assim podemos vir cá dar formação física e os alunos continuam a fazer a formação através da plataforma”. O projeto é ainda embrionário e está em fase de investimento e nesse contexto os empreendedores pretendem a parceria do Terinov.

A segunda parte da manhã abriu com Hélder Loio, que veio apresentar a empresa “TUU”, uma empresa bem sucedida de planeamento e gestão de projetos para obras eficazes. No fundo trata-se de uma mediação entre o dono da obra e todos os agentes de produção.

De seguida aconteceu mais um regresso a casa. Antonieta Durão é terceirense e detentora da marca “Nieta Atelier”. Uma marca de artigos de decoração de charme a partir de desperdícios. Atualmente vive e trabalha em Guimarães. Nieta tem projetos que envolvem a paz e o bem estar e as cores dos Açores e, ao participar no Workshop, mostrou interesse em conseguir parceiros na terra natal.

Marco Bettencourt esteve recentemente nas bocas do mundo dos videojogos. Redcatpig são os estúdios que produzem o KEO, o jogo que venceu a 4ª edição dos Prémios PlayStation Talents em Portugal e que vai usufruir de algumas vantagens para fazer chegar o jogo final à marca de videojogos mais poderosa do mundo. No seu estilo habitualmente descontraído Marco Bettencourt frisou todas as dificuldades que têm sentido na produção do KEO que já tem selo de qualidade.

Já quase na fase final foi orador Felipe Costa, da Infraspeak, uma empresa que desenvolve uma inovadora plataforma de gestão de operações técnicas e manutenção. O software utiliza tecnologias como NFC, APIs, Apps e sensores para tentar aumentar a eficiência das equipas e reduzir custos de operação.

O encontro terminou com Paulo Caridade, da SPACE LAYER TECHNOLOGIES, uma empresa que avalia a qualidade do ar para que a população esteja sempre informada dos riscos que corre a cada dia que saia à rua.

Depois do encontro Duarte Pimentel esteve à conversa com o AO e explicou em que consiste o TERINOV. “Em dezembro passado organizamos o primeiro workshop de arranque do conceito que assentou na área do AgroBusiness, o “AgroTech”. Agora promovemos o Creative Tech porque são estas as áreas em que o TERINOV pretende operar. Enquanto parque de ciência o nosso objetivo é que comecem a existir um empreendedorismo de base tecnológica e baseado na inovação como forma de rejuvenescer o tecido empresarial dos Açores através de novos produtos e serviços e da optimização dos modelos já instalados.”

Quanto ao regresso de jovens açorianos à Terceira, Duarte Pimentel garante que, mesmo antes de arrancar formalmente, este é o maior reconhecimento que o parque poderia ter nesta fase: “é o melhor selo de qualidade que podia ser dado ao Terinov. É perceber que alguns jovens percebem as potencialidades e que este pode ser um ecossistema empresarial muito interessante e com sinergias que podem servir os seus propósitos enquanto empreendedores.”

O também regressado jovem diretor diz que há, no ADN Açoriano, uma ideia romântica de regressar e fazer algo pela região. “Vão buscar fora mas depois querem vir aplicar na região”. Duarte Pimentel garante que muitas empresas precisam acima de tudo de um espaço para poderem operar e garante que o parque tecnológico “tem condições muito vantajosas mas que essas condições não se esgotam nas infraestruturas. O Terinov terá programas de incubação adaptados às necessidades dos instalados e junção de sinergias com outras empresas instaladas, com a Universidade dos Açores e com outras universidades, com a Câmara do Comércio e com outras entidades cujos protocolos já estão firmados”.

Um grande foco do parque é o “AgroBusiness” e havendo qualidade é tudo agora uma questão de comunicação : “O importante é conhecer a nossa matriz cultural e aliá-la à criatividade. A qualidade está lá. Em alguns momentos falta desenvolver e apoiar na forma como o produto é apresentado ao mercado. Criatividade não falta na região e a nova geração vem munida de todas as ferramentas necessárias para potenciá-la.”

Atualmente o Terinov tem 8 empresas instaladas de um total de 15 espaços disponíveis. Duarte Pimentel garante que o número de abordagens ultrapassou os 30 mas muitas das propostas eram “tão júniores que ainda não estavam devidamente registadas como empresas. Mas para esses casos teremos também resposta em breve. Vamos oferecer um serviço de incubação online e vamos poder acompanhar desde a fase embrionária.”

O Terinov possui também a valência de “Co-Work”, em regime “open space” em que os empresários podem usufruir de diversos planos: diário, semanal, mensal e anual. Também poderão usar alguns serviços necessários à laboração.


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