Açoriano Oriental
Estudo sobre abastecimento de gás natural na Praia da Vitória concluído este ano

A empresa Portos dos Açores estima ter até ao final deste ano um estudo sobre as potencialidades do Porto da Praia da Vitória no abastecimento de navios a gás natural liquefeito (GNL), para atrair investidores privados nesta área.

Estudo sobre abastecimento de gás natural na Praia da Vitória concluído este ano

Autor: Lusa/AO Online

“O estudo a efetuar incidirá sobre a viabilidade do mercado para este tipo de infraestrutura e o possível corredor mais amplo na bacia do Atlântico, da União Europeia. Pretende-se, também, delinear o mercado potencial para instalações de abastecimento/reabastecimento de combustível de GNL e as mais relevantes e melhores práticas que permitem a compreensão do modelo comercial relevante, incluindo os custos de investimento e as receitas”, adiantou a secretária regional dos Transportes e Obras Públicas dos Açores, Ana Cunha.

A governante falava, na Praia da Vitória, num encontro do projeto comunitário Gainn4Mos, que estuda a implementação de uma rede de abastecimento de gás natural liquefeito na Europa e a adaptação dos navios a este novo combustível, desenvolvido por um consórcio que envolve Portugal, Espanha, França, Itália, Croácia e Eslovénia.

A Portos dos Açores, empresa pública que gere os portos do arquipélago, já tinha participado no projeto Costa, que identificava o Porto da Praia da Vitória, na ilha Terceira, como um dos possíveis postos de abastecimento de gás natural liquefeito na Europa, mas a utilização de GNL pelos navios não teve a evolução estimada.

“É certo que a decisão da International Maritime Organization, em antecipar para 2020 o limite global de enxofre para 0,5%, não impulsionou a utilização de GNL como previsto. Por outro lado, a procura de GNL cresceu, mas de forma mais lenta do que seria, inicialmente, de esperar”, salientou Ana Cunha, ressalvando que os Açores estão integrados na estratégia nacional para o GNL.

“O Governo dos Açores está convicto de que este trabalho, que não se desenvolve de um ano para o outro – é um trabalho demorado – dará os seus frutos”, acrescentou.

Em março de 2018, a Portos dos Açores conseguiu financiamento do Banco Europeu de Investimento (BEI) para avançar com um estudo sobre o potencial do Porto da Praia da Vitória nesta área, que dará à empresa a fundamentação necessária – caso se venha a comprovar a viabilidade do projeto – para convencer grandes empresas ligadas ao fornecimento de combustíveis a investirem na criação de um posto de abastecimento de GNL na ilha Terceira.

“O que pretendemos saber de uma forma muito clara é se é viável, de que forma e que competências técnicas são necessárias”, adiantou, em declarações aos jornalistas, o diretor do departamento de planeamento estratégico, controlo de gestão e estudos da Portos dos Açores, Francisco Bettencourt.

Segundo o responsável da empresa pública açoriana, o estudo, que só avançou devido ao financiamento do Banco Europeu de Investimentos (BEI), face ao avultado investimento necessário, deverá estar concluído “até ao final do ano”.

“Ficámos com um estudo real atual, porque as conclusões do projeto Costa sofreram muito com a baixa do preço do petróleo”, apontou.

A criação de um posto de abastecimento de gás natural liquefeito no Porto da Praia da Vitória vai depender do interesse de privados e do crescimento da procura pelo GNL.

Nesse sentido, Francisco Bettencourt defendeu a necessidade de outras indústrias nos Açores apostarem no novo combustível, para que a região possa “ganhar economia de escala”.

“Tem um crescimento que tem de ir existindo e eu estou convencido de que, quanto mais indústrias se juntarem, quando mais possibilidade houver – e continuo a frisar a parte energética pela proximidade da central da EDA [Eletricidade dos Açores] – pode funcionar sempre como catalisador destes operadores”, frisou.

O parlamento açoriano aprovou, em novembro, uma proposta do CDS-PP para que a EDA adquirisse dois grupos térmicos para a central do Belo Jardim, na Praia da Vitória, com capacidade de conversão para GNL e o presidente do Governo Regional adiantou recentemente que um deles já está a ser montado.

Francisco Bettencourt admitiu que a localização dos Açores pode ser uma vantagem na travessia entre a América e a Europa, tendo em conta que o GNL “ocupa mais espaço do que o combustível tradicional” e que os navios deverão privilegiar o espaço para a carga, mas deixou as certezas para as conclusões do estudo.

“Vai-nos permitir ficar habilitados para um discussão muito mais específica com qualquer privado que decida amanhã investir”, salientou.

Quanto à localização no arquipélago, o responsável da Portos dos Açores não tem dúvidas de que é o Porto da Praia da Vitória que reúne melhores condições para o abastecimento de GNL.

“Não é só a centralidade do porto, é também o espaço que o porto tem. Não temos muitos portos nos Açores que permitam ter este espaço”, justificou.



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