Açoriano Oriental
Especialista considera arqueologia subaquática dos Açores a “mais desenvolvida” do país

 A arqueologia subaquática dos Açores é a “mais desenvolvida” do país e tem servido de modelo para os arquipélagos da Madeira, Canárias, Cabo Verde e até mesmo para o Senegal, considera o especialista José Luís Neto.

Especialista considera arqueologia subaquática dos Açores a “mais desenvolvida” do país

Autor: Lusa/Ao online

O arqueólogo, que lança hoje, na Horta, ilha do Faial, o livro “Arqueologia nos Açores – Uma Breve História”, declarou à agência Lusa que na região estão registados cerca de mil naufrágios, alguns em locais acessíveis.

Responsável por sete documentários da RTP em que revela alguns dos naufrágios que ocorreram em oito das nove ilhas dos Açores e ilhéus das Formigas, o autor adiantou que, em termos arqueológicos, “há muito a fazer ainda” no arquipélago, onde chegou há seis anos, altura em que existiam 150 sítios arqueológicos, sendo neste momento “mais de 300”.

Para José Luís Neto, o que “se tem estado a fazer” tem sido “importante para o desenvolvimento não só da arqueologia, mas também para a própria economia local e para a divulgação dos Açores no mundo”.

O arqueólogo recusou-se a destacar algum sítio arqueológico em particular por serem “demasiados extraordinários para se focar um apenas”, mas estes existem “para todas as sensibilidades e gostos” e, praticamente, “todas as nações do mundo se reveem” nos Açores.

Questionado sobre se o papel central dos Açores no Atlântico Norte, entre a Europa e a América, na época dos Descobrimentos potenciou esta realidade, José Luís Neto referiu que “se o mundo fosse uma ampulheta, o velho continente seria uma das bases e os outros continentes a outra base, e os Açores, no tempo da navegação à vela, são o estrangulamento dessa ampulheta”.

Sobre o livro, explicou que reúne o trabalho de “todos aqueles” que o precederam e “tenta chamar a atenção para três gerações principalmente”, a primeira das quais com os arqueólogos Batista de Lima e Manuel de Sousa d’Oliveira.

O livro “reflete, de forma despretensiosa, o que têm sido os trabalhos arqueológicos levados a cabo na região” e “constitui-se como a primeira visão de conjunto e como o primeiro manual de arqueologia dos Açores”, acrescentou.

O autor assinalou que, “sendo a arqueologia um trabalho coletivo, esta obra é, pois, o reflexo singular do labor de quantos, ao longo dos tempos, a ela se têm dedicado no arquipélago, ensaiando uma interpretação breve e possível do tema e reunindo e sintetizando todos esses trabalhos, tendo em vista a divulgação dos mesmos junto de quem vive ou visita os Açores”.

José Luís Neto reúne não apenas os achados arqueológicos encontrados nas várias intervenções efetuadas, mas, “antes, ao reunir o escavado, algum edificado e alguma documentação, procura reconstruir imagens sobre vários aspetos que envolvem a arqueologia enquanto fenómeno cultural nos Açores”.

José Luís Neto nasceu em Lisboa, em 1977.

Licenciado, mestre e doutor na área, o arqueólogo trabalhou em inúmeras prospeções e escavações, de norte a sul e ilhas, tendo desenvolvido trabalho no estudo e recuperação do património de Setúbal, até “atracar”, em 2012, nos Açores, onde tem procurado dinamizar e desenvolver a arqueologia, nomeadamente com o “Roteiro do Património Cultural Subaquático e as Cartas de Risco”.

É autor de uma dezena de livros e de 30 artigos nos domínios da arqueologia, arte, história e filosofia, que desenvolve em paralelo com o seu interesse pelo teatro e artes, bem como pela literatura, tendo já publicados um livro de contos, dois romances e uma dramaturgia.


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